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Um dos inúmeros selfies publicados nas redes sociais no dia 8 de janeiro durante a depredação e invasão de Brasília




               No entanto, pelas redes       especialmente Facebook e        perspectiva aqui é refletir a
            sociais, criou-se uma enxurrada   Instagram, tornaram-se viveiros   motivação desses ataques às
            de falsas acusações de que a     de delinquentes, estimulados    obras de arte, lembrando sempre
            criança estaria interagindo com o   pelos algoritmos que         que o foco central era a ocupação
            artista nu e que, portanto, o    potencializam discursos de ódio.   dos Três Poderes, sem uma
            museu estaria fazendo apologia   Miguel Lago, no ótimo artigo na   agenda definida, e o rechaço
            da pedofilia. Aí, a temperatura   revista Piauí de fevereiro Prendam   à democracia e ao resultado
            ferveu. Um post do museu em sua   os perfis!, apontou como essas   eleitoral de 2022, com a
            página do Facebook,              redes foram essenciais para o 8J:   aquiescência dos militares com
            esclarecendo que a obra era     “Nunca um evento histórico       as ocupações das portas dos
            devidamente sinalizada, teve     brasileiro foi registrado a partir    quartéis, essa sim a incubadora
            40.786 comentários, 10.506       de tantos ângulos e câmaras. (...)   da destruição de Brasília.
            compartilhamentos e 48 mil      Antes mesmo que a imprensa          Contudo, olhando-se de
            apreciações (de likes a dislikes),   e autoridades entendessem    maneira retrospectiva, há seis
            números jamais alcançados pela   o que se passava, milhões de    anos, desde 2017, as redes de
            instituição. Quando muito, há cem   bolsonaristas assistiam      direita atacam arte e cultura de
            comentários para um post, mas a   à invasão por meio de celulares   maneira sistemática, inculcando
            média é ainda muito abaixo disso.  de agressores. É quase como    em seus seguidores o desprezo
               Aí entra o funcionamento      se tudo estivesse sendo feito   pelo setor. E os aloprados que,
            perverso do próprio Facebook,    pelos perfis apenas com          com uma mão destruíam o que
            uma rede baseada na exploração   o intuito de criar conteúdo     viam, e com a outra registravam
            “da atração do cérebro humano    para as redes sociais.”         seus atos nas redes,
            pela discórdia”, como aponta o     Pois é exatamente essa        simplesmente encampavam
            jornalista norte-americano Max   mistura da discórdia incentivada   a cartilha das guerras culturais.
            Fisher no excelente livro recém-  pelas redes sociais com as     Reverter esse quadro será fruto
            lançado no Brasil, A máquina     campanhas contra a cultura que   de uma ação de longo prazo,
            do caos (Todavia, 2023).         serviu de combustão aos atos de   mas que precisa urgentemente
               As redes sociais,             violência do 8J. Claro que a    ter início.

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