Page 69 - ARTE!Brasileiros #60
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Rosana Paulino, sem título
(série Jatobás), 2019
também foram estimuladas pela mãe a criarem seus anos 1990. “Essa inclinação continua até hoje, tanto que
próprios brinquedos com barro, a desenharem per- me considero uma artista muito técnica, que pesquisa
sonagens, recursos que também permaneceram na áreas que não estavam presentes na construção da
atuação como artista que o futuro lhe reservara. visualidade, da representação negra e da produção
“Desde muito cedo esta coisa da manualidade, e até brasileira. Eu então comecei a trilhar um caminho dife-
mesmo o senso estético, foram sendo desenvolvidos no rente, pensando a questão da negritude.”
dia a dia. No entanto, sempre tive também um fascínio Educadora, doutora em Artes Visuais pela Escola de
pela biologia, principalmente por morar numa casa de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
periferia, com um quintal grande de frente, outro quintal (ECA-USP), Rosana é especialista em gravura pelo London
grande ao fundo. Apareciam bichos selvagens, sapos, Print Studio, de Londres e bacharel em gravura, também
rãs, abelhas etc.”, lembra. pela ECA-USP. Foi também bolsista do Programa Bolsa
De início, contudo, Rosana se sentia, ela ressalta, da Fundação Ford, de 2006 a 2008, e CAPES, de 2008 a
dividida entre a biologia e as artes plásticas. Já na 2011. Em 2014, ela recebeu a bolsa para residência no
universidade, não pensava em ser artista. “Entrei por- Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio,
que gosto muito de museus e pesquisa. Eu tinha uma Itália. Atualmente além da participação em Veneza, está
inclinação científica”, conta Rosana, que foi assistente presente em exposições em Austin e Chicago, nos EUA,
de restauro e conservação no mAC USP, no início dos e em Wolfsburg, na Alemanha.
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