Page 77 - ARTE!Brasileiros #58

Acima, Objeto do Conhecimento
Infantil, 1974; abaixo, Ão, 1981
FOTOS: MATHEUS SOARES | GABI CARRERA / CORTESIA MENDES WOOD DM
inusitadas. A emblemática instalação Piscina, mostrada Protuberantes, Vê-nus, que Tunga chama de obras
uma única vez em 1975, e desaparecida na mesma época decorrentes de histórias ou histórias decorrentes de
sem deixar rastro, foi remontada. O trabalho exibe um obras. As narrativas são uma forma de desenho que
tripé, sobre ele um boné com o título da obra grafado usa como linguagem, como na série Objeto do Conhe-
em letras de chumbo, enquanto uma bomba de ar é cimento Infantil, composta por aquarelas e nanquim,
pendurada por corrente e uma fotografia submersa dos anos de 1970. Nesse sentido, a exposição se vale de
flutua em suspensão. O trabalho foi feito em 1975, nos registros e da preocupação do artista com a formação
piores momentos da ditadura no Brasil, e deixa latente de um arquivo. Nessa linha evolutiva, a retrospectiva
o pensamento de Tunga sobre a natureza política da traz projetos em cerâmica e metal, esboços para futuras
imagem. Esse é considerado por Paulo Venancio Filho obras, joias desenhadas por ele, vídeos, fotografias, FOTOS: JAIME ACIOLI | RICARDO MIYADA
como um dos primeiros experimentos de Tunga com textos. Enfim, um resumo dos enigmas deixados por
objetos, que se tornaram recorrentes em sua produção. Tunga que colocam em xeque o que se anuncia, o que
A exposição ainda resgata raridades como Desenhos se vê, o que se compreende e o que permanece.

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