Page 55 - ARTE!Brasileiros #58

notável de inclusão que é o participado da Bienal de São um saber: em como usar a pintura
trabalho desenvolvido pelo Paulo Incerteza Viva, em 2016, como forma de ativação social. No
antropólogo Vincent Carelli com o esse é um dos grandes exemplos princípio, ela ensinou os
Vídeo nas Aldeias (vNA), fundado já de estímulo para que povos moradores da região a utilizar
em 1986, que desde então fornece marginalizados sejam autores técnicas como o estêncil -
equipamento e treinamento em das imagens de suas lutas. máscaras de papel que permitem
oficinas a povos indígenas para Finalmente, é importante pintura seriada -, tendo como
que eles próprios criem suas lembrar ainda de um outro motivos temas simples, de objetos
representações sem a mediação exemplo de posicionamento de cozinha a animais ou plantas.
cultural de outras pessoas. radical feito pela artista Mônica Hoje, várias pessoas da
Com isso, o vNA já formou Nador, em 2004, quando ela comunidade usam essas técnicas,
dezenas de especialistas em implantou o Jamac (Jardim não só em paredes, mas em
audiovisual, o que possibilitou a Miriam Arte Clube), uma tecidos também.
criação de um importante acervo associação na periferia da zona Com isso, Nador alia a tradição
de imagens sobre os povos sul da cidade, e desde então vive da pintura a um exercício
indígenas no Brasil, com uma lá. Trata-se praticamente de um colaborativo e conceitual, que
coleção de mais de 70 filmes, centro cultural, onde ocorrem coloca em prática a máxima
a maioria deles premiados debates, encontros, ciclos de pregada pelo alemão Joseph
nacional e internacionalmente - filmes sobre arte e cidadania, mas Beuys: “Todo mundo é um artista”.
transformando-se em uma a particularidade é como Mônica Com isso, uma nova ética se
referência nesta área. Tendo compartilha com a comunidade realiza de fato.

FOTOS: CORTESIA JAMAC | DIVULGAÇÃO

Registro do projeto Vídeo nas Aldeias, que forma especialistas em audiovisual

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