Page 47 - ARTE!Brasileiros #56
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Sombras, Alfredo Jaar, 2014. Em um ambiente, é exposta
sequência de fotografias do holandês Koen Wessing,
feitas durante a ditadura na Nicarágua (abaixo); em outro
ambiente, instalação multimídia de Jaar (à esq.) amplia o
significado da obra original
me interessa é a política das imagens”, conta Jaar. Assim,
ao invés de espetacularizar as fotos que trouxe da Nigéria,
ele as projeta em uma centena de barris, que simulam
onde estava o lixo tóxico. Nunca é possível, no entanto,
se ver a imagem por completo, como a indicar que, como
aquelas pessoas retratadas e seus familiares tiveram suas
vidas mutiladas, é preciso uma correspondência ética
entre o que se vê e o que ocorreu. Não há indiferença
na obra de Jaar, afirma Moacir dos Anjos, curador da
mostra, que aponta no trabalho do chileno “um empenho
que requer atar estética e ética coesamente, recusando
qualquer separação estanque entre essas duas instâncias
norteadoras de entendimento e de atuação humanas”.
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