Page 72 - ARTE!Brasileiros #53
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ARTISTA CENTENÁRIO LEÓN FERRARI
Legenda 120 caracteres
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La Civilización
Occidental y Cristiana,
1965, León Ferrari
Bienal de São Paulo, com uma montagem da obra Pala- Londres, e, em 1972, no Teatro Larrañaga, Buenos Aires),
bras Ajenas, a primeira colagem literária de Ferrari, que e apenas recentemente passou a ser apresentada em
compartilha da temática anti-guerra e foi elaborada sua versão integral (desde sua leitura em inglês em 2017,
no apogeu da invasão estadunidense ao Vietnã, entre no redCat, Los Angeles, somente uma performance
1965 e 1967. Sua criação parte da seleção e remonta- completa foi realizada no Museo Jumex, na Cidade do
gem de citações textuais de fontes diversas, incluindo México, em 2018), tendo em vista que seu texto original
agências de notícias, livros de história, a Bíblia - e Deus, se espalha por 250 páginas e requer, em média, um
como retratado nela - e discursos de figuras políticas elenco de 30 leitores. Na Bienal de São Paulo, seria
e religiosas como o presidente Lyndon B. Johnson, realizada a primeira leitura integral de Palabras Ajenas
Robert McNamara, o Papa Paulo vi e Adolph Hitler. no Brasil; com as restrições sanitárias impostas pela
A partir desse coro unissonante reunido por Ferrari, pandemia, no entanto, a organização teve que adaptar
ele pretende expor a relação discursiva belicosa das o formato de exposição da obra, optando pela exibição
atrocidades da invasão ao Vietnã e do nazismo com as de um trecho, apenas, gravado na ocasião da leitura
narrativas de redenção e punição contidas nos textos da colagem literária no redCat. Dois documentos,
sagrados, refletindo, em uma camada mais profunda, dispostos ao lado do monitor que exibe o vídeo, dão
sobre a violência exercida pelo Ocidente camuflada um vislumbre do intrincado processo de transposição
pela cumplicidade entre o poder político e religioso. da colagem para a leitura, são instruções para os per-
Palabras Ajenas chegou a ser performada parcial- formistas e uma impressão do roteiro técnico, “Ato I:
mente em público duas vezes (em 1968, no Arts Lab, Quem ganha ganha”.
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