Page 20 - ARTE!Brasileiros #52
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL DIA 1










































            Sobre La Familia en el alegre verdor, obra de Chiachia & Giannone exposta na Bienal do Mercosul



            próprio título da mostra, Feminino(s). Visualidade, ações   O afeto, como afirmou Giunta em entrevista recente
            e afetos, a argentina ressaltou a importância desta   à arte!brasileiros, não está desconectado das lutas,
            diversidade estar presente na própria constituição da   protestos e de uma arte que clama por mudança social.
            equipe curatorial da bienal. Nesse sentido, frisou o papel  “Com afetos, poderosas revoltas foram criadas”, disse.
            fundamental de Fabiana Lopez, Dorota Biczel e Igor  Neste sentido, Giunta apresentou no seminário uma série
            Simões, que trouxeram olhares atentos à produção   de trabalhos que considera representativos das temá-
            artística especialmente latino-americana, mas também   ticas tratadas na bienal, a começar por uma tapeçaria
            de outros países do globo. Foram ao todo 25 países   de Chiachio & Giannone que apresenta uma cena de
            representados por mais de 70 artistas e coletivos.       integração entre o homem e a natureza, onde pessoas
               O termo “feminino(s)” - e não “femininas”, nem “femi- e animais fazem parte de uma mesma família - “não
            nismos” - representou para Giunta essa escolha por  o homem como dono, controlando a natureza, mas o
            uma pluralidade de pontos de vista, nem sempre só   homem em natureza”. Em seguida, a curadora apresentou
            de mulheres, acreditando na “ideia da diferença como   uma fotografia do coletivo feminista argentino Nosotras
            multiplicidade e não como separação”. Nesse sentido, a   Proponemos: “Levamos em conta os ativismos, os direi-
            palavra “afeto” também ganhou espaço, ainda mais em   tos das mulheres, mas também os femininos e os femi-
            um momento de tamanha fragilidade com a pandemia.  nismos como a necessidade de pensarmos novamente
           “E quando ficamos todos isolados, foi muito importante   todas as relações entre o humano e o mundo”, disse.
            perguntar: como estão os artistas que estavam prestes a   Ressaltando que “a luta do feminismo é uma luta pelos
            viajar para Porto Alegre e não puderam ir? Então pedimos   direitos sobre o próprio corpo”, ela apresentou ainda
            que eles gravassem pequenos vídeos com o celular para   trabalhos que tratam do feminicídio, como o de Fatima
            o nosso site, o que foi muito importante. Isso criou um   Pecci Carou, e das variadas formas de experimentar o
            arquivo de afetos, um tipo de presença dos artistas na   corpo, como nas obras de Jota Mombaça, Liuska Astete,   FOTO NACHO LASPARRA
            bienal que não tínhamos planejado anteriormente. São  Janaina Barros, Lorraine O’Grady ou Priscila Resende.
            algumas coisas boas que aconteceram.”           A possibilidade de uma reestruturação da linguagem

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