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HOMENAGEM CARLOS CRUZ-DIEZ
ACIMA, AMBIENTE CROMOINTERFERENTE, 1974–2019, NO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA-MAC CIDADE DO
PANAMÁ. À DIREITA, EM CIMA, LABIRINTO TRANSCROMIA, 1965-2017. ABAIXO, CROMOSSATURAÇÃO CRIADA EM 1965.
O AMBIENTE É FORMADO A PARTIR DE TRÊS ESPAÇOS ILUMINADOS ARTIFICIALMENTE, VERMELHO, VERDE E AZUL.
“FOI A PERDA DE UM AMIGO” é a frase com a qual escolhida pelo próprio artista, também faz parte da
concordam os galeristas Raquel Arnaud e Luiz Sève, que individual.
representam o artista venezuelano Carlos Cruz-Diez. O artista foi muito assertivo naquilo que acreditava.
Falecido em julho deste ano aos 95 anos de idade, a Em texto de 1967, ao qual deu o título de Minhas Ideias
ideia que deixa na memória daqueles que o conhece- Sobre a Cor, propõe o conceito de “cor autônoma”, na
ram é de um homem que transbordou sua fé na arte, qual a cor não depende de forma, especificidade ou de
trabalhando com vigor nas decisões que envolveram o suporte. E, desta forma, extrapola suportes e técnicas,
seu trabalho até o fim. utilizando vídeos, pinturas, instalações, fotografias e se
Na Galeria de Arte Ipanema, da qual Sève é proprietário, apropriando de paredes, de ruas e até mesmo de jardins.
foi realizada a até então última exposição do artista no No mezanino da instituição, o público encontra a
Brasil, em 2014, intitulada Um Olhar Sobre a Cor. Agora, o obra Labirinto Transcromia (1965/2017), pela pri-
Espaço Cultural Porto Seguro, em São Paulo, abriu a mos- meira vez exibida no Brasil. “Ele traz para a expe-
tra Cruz-Diez: a liberdade da cor, em 9 de novembro. A riência todo o aspecto de trabalho com a cor, que
exposição é a última a ser apresentada em todo o mundo ele propõe, mais voltado para o corpo”, destaca o
que teve a chancela do artista, que participou de todo o curador. A proposta é que o público caminhe entre
processo de concepção ao lado do curador Rodrigo Vil- esse labirinto de peças retangulares presas por fios
lela, diretor executivo e artístico da instituição paulistana. de nylon e o efeito de sobreposição das cores acon-
É da coleção de Raquel Arnaud que vêm duas das qua- teça aleatoriamente, refletida nas paredes brancas
tro obras que integram a primeira sala da exposição. e no concreto do espaço. Essa transferência para as
Em uma delas, uma pequena fisiocromia de 1965, o paredes se dá em espécies de figuras dançantes, às
trabalho de Cruz-Diez ainda passava por um período quais se misturam as sombras das pessoas que por
pré-industrial, conta Villela. “Depois o trabalho dele vai ali passam, presas entre a instalação labiríntica que
se tornando muito industrial. Ele tinha essa procura de irradia cores. A cinética, a cromática e o geométrico FOTOS RAFAEL GUIL/ARTICRUZ S.A. PANAMA | PATRICIA ROUSSEAUX
fazer com que o trabalho saísse da escala de artesão. do artista são completamente vivenciados na obra.
Ele falou que não se dedicou à pintura porque a pintura A primeira obra no subsolo é Ambiente Cromointerfe-
tinha muito artesanato e ele queria algo que pudesse rente, 1974/2019. As projeções em quatro paredes cami-
ter maior escala”, comenta o curador. Na parte externa nham de forma reta, enquanto no chão caminham para
do edifício, uma obra efêmera de grandes proporções, encontrar uma a outra, como se somassem, formando
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