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HOMENAGEM CARLOS CRUZ-DIEZ
REPRESA DEL GURI, 1986
figuras randômicas nessas junções. O público se torna produção”. As fotografias trazem elementos tradicionais,
parte da obra quando as projeções recaem sobre os como retratos e paisagens, evidenciando um artista
corpos que adentram a sala. Na sequência, vê-se duas jovem. “Quase que temos que fazer um exercício de
obras efêmeras adesivadas na parede: “As obras são abstração para pensar que é o mesmo artista”, brinca.
estáticas, mas o movimento está sempre presente na Alguns dos cliques de Cruz-Diez lembram Pierre Ver-
percepção do olhar”, diz Villela. ger e até Cartier Bresson, na opinião do curador, e
Uma das obras mais icônicas, Cromossaturação é têm uma procura certa abstração. São imagens desde
instalada em um espaço composto de três salas onde a Venezuela dos anos 50 a fotos de viagens à Espa-
são montadas, respectivamente, luzes vermelha, azul e nha, que “tem uma coisa muito do calor da hora”, de
verde. À medida que se anda entre elas e dependendo acordo com Rodrigo, mas também um caráter docu-
de onde o olhar parte, a percepção da cor sofre mental evidente: “Quando eu vi essas fotos, fiquei muito
modificações. “É realmente uma pintura no espaço”, impactado justamente porque não dá para imaginar
comenta o curador. Objetos em forma de cubos são que é o mesmo artista”. O curador procurou fazer uma
espalhados pelo espaço também, dando uma dimensão seleção que fosse representativa de um contexto que
de como as cores afetam cada uma de suas partes. conectasse suas diferentes abordagens da fotografia.
Um núcleo mais documental traz duas televisões que Rodrigo revela que o contato para a exposição foi o
exibem vídeos: um com fotografias de obras em espa- primeiro que teve com Cruz-Diez, apesar de já conhecer
ços público, trazendo a questão da arte envolvida com muito de sua obra. O curador ficou impressionado com a
a arquitetura, e outra com depoimentos de Cruz-Diez infraestrutura da equipe do artista, muito afinada entre
sobre os trabalhos. si, com o trabalho e com o artista: “Tinha uma coisa de
uma presença muito forte dele e uma clareza total”,
UM OUTRO ARTISTA conta ao se referir também a um “cotidiano de traba-
A última sala da exposição abarca vinte fotografias em lho” vivido pelo artista mesmo com 95 anos de idade.
preto e branco tiradas por Cruz-Diez desde o início de As fotografias ainda mostram um Cruz-Diez em relação
sua carreira. Rodrigo conta que foi um desafio conven- muito afetiva com a Venezuela, para onde voltava com
cer o artista a mostrá-las junto aos outros formatos certa frequência, residindo na França desde a década de
que a exposição abraça: “Conseguimos compor de uma 60. Rodrigo comenta que ele falava muito de seu país de
maneira que ele ficou contente, que é ter uma separa- origem. Uma de suas maiores obras está no aeroporto
ção das instalações e criar um cantinho mais íntimo Simon Bolívar, em Caracas, que se tornou ponto de par-
para essas fotografias, não conectando com o resto da tida de muitos venezuelanos devido à crise vivida no país.
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