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INSTITUIÇÃO MUSEU BISPO DO ROSÁRIO
CRESCE O RESTAURO E
PRESERVAÇÃO DA OBRA DE
BISPO DO ROSÁRIO NO RIO
ARTISTA É CONSIDERADO ATUALMENTE UM DOS EXPOENTES DA ARTE CONTEMPORÂNEA
BRASILEIRA, JUNTO COM IMPORTANTES NOMES COMO LYGIA CLARK E HÉLIO OITICICA
TEXTO E FOTOS PATRICIA ROUSSEAUX, NO RIO DE JANEIRO
DIAGNOSTICADO COMO ESQUIZOFRÊNICO
PARANOICO, Arthur Bispo do Rosário viveu por
quase 50 anos, entre entradas e saídas, como interno
de hospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro. Apro-
veitou-se dos materiais precários que o cercavam
para recriar o mundo em uma obra inestimável. A
partir dos fios dos seus próprios uniformes, criou
mantos e tecidos. Concebeu também esculturas e
murais cobertos de objetos que colecionava com-
pulsivamente, montando todo um universo paralelo.
Falecido em julho de 1989, o artista tem tido sua obra
revisitada, restaurada, higienizada e catalogada desde
o fim de 2016. Em setembro de 2019, o acervo de Bispo
do Rosário foi tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em decisão
unânime de seu conselho consultivo.
Com patrocínio da Fundação Marcos Amaro (FMA),
o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, no
Rio de Janeiro, vai incorporar ao seu atual espaço,
onde funciona hoje a área expositiva e o acervo em
restauro, um dos pavilhões da antiga Colônia Juliano
Moreira, hospital onde o artista viveu por muitos anos.
A edificação, que terá que ser totalmente restaurada,
abriga a cela ocupada por Bispo, que a encarava como
uma espécie de ateliê.
“As paredes da cela onde viveu Bispo do Rosário estão
completamente tomadas por desenhos que foram
cobertos por camadas de tinta ao longo dos anos.
Vamos retirá-las pouco a pouco, em um processo de
restauração da camada original de tinta, na tentativa
de revelar todo o universo criativo do Bispo impresso
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