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detalhado apresentado por Joaquim Lebreton, do projeto no ensino dos jovens, habilitando-os
chefe da Missão Francesa, em 1816, e inédito até não apenas à técnica, mas a uma sensibilidade
1958. Endereçado ao Conde da Barca, o escrito formal, desenvolvendo uma qualidade estética
apresenta uma proposta detalhada para a funda- cuja germinação é necessária para o progresso
ção de um sistema de ensino no país. Trata-se na não só econômico, mas também cultural do país
verdade de um projeto com duas bases: defende — que ansiava por uma acelerada atualização e
a criação de uma Escola Imperial de Belas Artes modernização nacional.
e também de um Liceu das Artes — que só viria Mario de Andrade, Vilanova Artigas e Flávio Motta,
a existir décadas depois. Ele defende a necessi- os autores dos ensaios subsequentes, adotam
dade de estimular, ao mesmo tempo, a ciência do pontos de vista diferenciados e complementares. O
desenho como base da arte e como técnica vital que fascina Mubarac no ensaio de Andrade sobre
para a formação de uma mão de obra capacitada. Lasar Segall é seu tom poético, sua ousadia na
Questões semelhantes perpassam os textos subse- tentativa de esmiuçar a relação entre obra visual
quentes. Os escritos de Ruy Barbosa e Lucio Costa, e escritura. “Se para Lucio Costa rabisco não é
relacionados com projetos de reforma educacional desenho, para Mario de Andrade é”, exemplifica o
iniciados nos anos 1880 e 1930, respectivamente, artista e professor da Escola de Comunicações e
também enfatizam a necessidade de incorporar Artes (ECA-USP), que há muito tempo garimpa tex-
a arte e a ferramenta da ilustração, do esboço tos e reflexões sobre o tema. “Não sou um teórico,
sou um desenhista que gosta de estudar”, brinca.
O apreço à diversidade, à importância de se consi-
derar as diferentes formas de pensar/fazer/traçar
imagens dá a tônica ao ensaio de conclusão, de
sua autoria, que tem como ponto de partida o
SOBRE O DESENHO NO BRASIL esforço de síntese para uma aula sobre o dese-
CLAUDIO MUBARAC (ORG.)
EDITORA ESCOLA DA CIDADE nho, proferida em 2017 na Escola da Cidade. No
260 PÁGINAS caso deste texto de encerramento, a seleção de
PREÇO R$70,00 trabalhos gráficos com os quais se relaciona é
ainda mais ampla. Contempla ensaios visuais de
oito artistas contemporâneos, com os quais o
artista e professor vem mantendo há décadas
uma troca intensa sobre o fazer gráfico. São eles
Alberto Martins, Elisa Bracher, Ester Grinspum,
José Spaniol, Madalena Hashimoto, Marco Buti,
Paulo Monteiro e Paulo Pasta. A diversidade e
complementariedade entre eles só faz reforçar
a ideia expressa pelo autor, relativa à complexi-
dade, centralidade e diversidade do tema, que não
pode nem deve ser reduzido a um único ponto
de vista, nem tampouco considerada como algo
em decadência, vítima inexorável das profundas
transformações na nossa cultura visual.
Apesar de diagnosticar que na segunda metade do
século 20 houve um descenso da produção teórica
sobre o desenho (a tarefa de reunir reflexões sobre
a questão não revelou-se fácil), o século 21 aparece,
segundo ele, com uma visão renovada. “Quando
olho para os cursos e discursos da arte, arquitetura
e design, vejo que o desenho continua firme e forte,
como práxis e como reflexão”, conclui.
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