Page 18 - ARTE!Brasileiros #49
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BIENAIS ISTAMBUL
ISTAMBUL MIRA COLAPSO DA NATUREZA
COM CURADORIA DE NICOLAS BOURRIAUD,
O SÉTIMO CONTINENTE FAZ MAPEAMENTO
DE PRODUÇÕES EM TORNO DO ANTROPOCENO
POR FABIO CYPRIANO
O QUE PODE TORNAR RELEVANTE UMA BIENAL?
Ela não pode ser vista apenas como uma grande
exposição e, especialmente pelos esforços e valores
que costumam envolver, deve ir além disso. Entre
as diferenças que uma bienal pode e deve fazer
estão, e que tenho percebido como marcas que
fazem a diferença: tratar de questões atuais de
forma a ajudar a compreender o tempo presente;
possuir uma relação com a cena local que provoque
diálogos e aprofundamentos; envolver a cidade onde
ela ocorre para além dos espaços convencionais;
abarcar obras e debates que não se restrinjam à
arte contemporânea e possibilitem tratar também
da cultura em geral.
De certa forma, essas questões costumam estar
presentes nas edições da Bienal de Istambul em
maior ou menor grau, o que ocorre também em
sua 16ª edição, a cargo do curador francês Nicolas
Bourriaud.
No circuito da arte contemporânea, Bourriaud é das
poucas vozes que assume um discurso mais denso,
do ponto de vista conceitual, sendo responsável
por textos e livros referenciais, como o dedicado
à “estética relacional”, que pautou intenso debate
no início do século 20. Tendo organizado várias
outras bienais antes, como Lyon e Moscou — ambas
em 2005 —, sua escolha representou pouco risco.
O Sétimo Continente, nome da edição em cartaz
entre 14 de setembro e 10 de novembro desse ano,
abordou uma temática que, em uma inteligente
estratégia, escapou do difícil contexto político local
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