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BIENAIS CURITIBA
14ª BIENAL DE CURITIBA
E AS URGÊNCIAS ATUAIS
COM O TEMA FRONTEIRAS EM ABERTO, A EXPOSIÇÃO SE INSPIRA NAS
COMEMORAÇÕES DOS 30 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM
POR LEONOR AMARANTE
OS CONFLITOS SÓCIOPOLÍTICOS CONTEMPORÂNEOS emer-
gem nesta Bienal de Curitiba, inaugurada em 21 de setembro. As
obras vão desde a arte russa contemporânea e seus estilhaços no
sistema até as que denunciam diásporas forçadas por conflitos,
racismo, perseguições. Sob o tema Fronteiras em Aberto, a edição
traz também interseções poéticas com sugestões e interesses
puramente artísticos, mas chamam atenção as propostas engaja
das na máxima: “criar é resistir”. O tema geral nasce inspirado
pelas comemorações dos 30 anos da queda do muro de Berlim,
que reconfigurou parte do mundo, em particular o Leste Europeu.
O volume de obras chega a 400, executadas por cerca de 100 artis-
tas, e testemunha a mutação da arte contemporânea que transforma
o espaço em um lugar de vestígios, indícios a serem decifrados.
Desta vez a Bienal de Curitiba, cujo eixo central é o Museu Oscar
Niemeyer, dilata suas bordas e chega a outras cidades e países.
A porosidade da arte é sensível às mudanças da sociedade e às
questões contemporâneas de toda ordem. Tereza de Arruda, brasileira
que vive na Alemanha, e o espanhol Adolfo Montejo Navas assinam a
curadoria geral e entendem fronteira como elemento muito além do
espaço geográfico. Um grupo de curadores estrangeiros se junta
a eles: Massimo Scaringella (Itália/Argentina), Gabriela Urtiaga
(Argentina), Ernestine White (África do Sul), Esebjia Bannan (Rússia)
e Julie Dumont (Bélgica).
Mais de vinte anos depois do apartheid, a sul-africana Sethembile
Msezane tornou-se uma militante por meio de suas performances
denunciadoras da inviabilidade da mulher negra em seu país. Suas
performances mesclam ritualismo, ativismo e costumam ocupar
espaços públicos com muita audiência. Sentada no chão de sua
tenda coberta por panos vermelhos transparentes, ela recebeu
individualmente os visitantes da Bienal que quisessem pensar
sobre o momento em que estamos vivendo. Certamente Sethem-
bile ficou horrorizada com o que ouviu sobre o Brasil. Ao se tornar
artista, ela passou a militar contra o racismo, opressão e a falta de
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