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BIENAIS CURITIBA
pontos fortes do discurso é a maneira como ela simula
a infiltração e a influência do dinheiro no mundo da
arte. Hito tornou-se conhecida por assumir uma posição
política, sem medo de desafiar o poder do mercado. A
artista tem exposto em vários países e representou a
Alemanha na Bienal de Veneza de 2015.
A Rússia, Índia, China e África do Sul estão reunidas
no segmento Brics, com curadoria de Ernestine White-
-Mifetu, Esenija Bannan, Lu Zhengyuan e Tereza de
Arruda. Humor e crítica ao sistema movem o coletivo
russo AES + F que provoca a intersecção de fotografia,
vídeo e tecnologia digital. Com o trabalho multimídia
Inverso Mundus, o grupo dramatiza críticas entre essas
mídias, algumas nonsense, mergulhando na história da
arte e nas questões sociais limites do mundo atual. AES
+ F ficou conhecido depois de representar o pavilhão
russo na Bienal de Veneza de 2007, com o provocativo
Last Riot.
Bienais são territórios heterogêneos com fragmentação
nas maneiras de produzir. Nessas grandes mostras não
há dimensões limites para se apresentar uma obra,
nem escalas. Cruzeiro do Sul (1969/1970), a minúscula
escultura de Cildo Meireles, um bloquinho de madeira
que pode ser apreciado na ponta de um dedo indicador,
cresce sob um holofote ao tomar o centro da sala. O
artista demarca um território, em um sentido político,
VISTA DE PARTE DA BIENAL DE CURITIBA DEDICADA A ARTISTAS BRASILEIROS. e faz conexão com os pontos da constelação de mesmo
NO CENTRO, EM EVIDÊNCIA, OBRA DE REGINA VATER, BORDAS, 2019
nome. Essa obra, desde a sua criação, já provocou inúme-
ras interpretações e continua em aberto. No segmento
oportunidade aos negros. “Tendo vivido na Cidade do Entremundos, entre outros da mostra, apresentam-se
Cabo por cerca de cinco anos, senti uma profunda sen- vários brasileiros, entre eles Arthur Omar, com sete
sação de deslocamento e invisibilidade”. Suas conversas trabalhos da série A Origem do Rosto e um fragmento
com o público foram acompanhadas por um músico que do vídeo Os Cavalos de Goya, feito com imagens de um
executava canções típicas de sua região. jogo de hóquei em que a bola é uma carcaça de animal.
Imagine um olho inquieto que quer denunciar as mazelas Trabalhando limites, Regina Vater apresenta Bordas
do mundo por meio de cenas entrecortadas do cibe- (2019) uma longa e delicada escultura que parece mol-
respaço. É assim que trabalha a retina de Hito Steyerl, dar os desenhos territoriais nascidos pelas fronteiras,
cineasta, crítica cultural e ciberartista alemã, um dos instrumentos de regulação territorial.
nomes de destaque desta Bienal. O aspecto marcante de Na terra nada é permanente. Os contornos territoriais
Factory of the Sun é o foco nos privilegiados do sistema, se desmancham, se movem de acordo com conflitos,
que ela chama de “pessoas do mundo” e nos seres arranjos políticos, acidentes geográficos. A ideia de
humanos forçados à diáspora. O vídeo na verdade é movimentação constante levou a 14ª Bienal de Curitiba
um game temperado com denúncias e humor em que a tomar carona em todos os ônibus municipais, onde
a personagem principal, Yulia, um tipo cyborg, faz a até dia 1º de março projeta uma série de vídeos durante
narração em que discute, entre outros temas, o exílio as viagens, presenteando um público novo, diferente
forçado de sua família judia para a Rússia. Um dos dos que normalmente transitam pelas feiras e bienais.
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