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BIENAIS BIENALSUR ENTREVISTA
centenas de projetos de artistas consagrados ou
não e, a partir daí, selecionamos e construímos
núcleos convergentes. Este ano surgiram, a partir
de inúmeras dessas propostas, temas que apre-
sentavam sinergia.
Conseguimos que algumas cidades se alinhassem
conceitualmente através, por exemplo, do eixo
“Modos de Ver” ou “Memórias e Esquecimento”,
outras no tema “Trânsitos, Migrações e Exílios”.
O trabalho da artista brasileira Rosângela Rennó
— a instalação Good Apples, Bad Apples, montada
no MUNTREF — assim como o de Betsabé Romero,
formam parte do eixo “Memórias e Esquecimento”,
mas também estão em intersecção com a pro-
blemática do “Monumento / Anti-monumento”.
Um artista propõe seu projeto e é selecionado,
a partir daí pensamos sua obra e vemos em que
instituição ou cidade ela pode funcionar melhor. local, mas sim, na maioria das vezes, pelo seu
Por exemplo, o artista colombiano Iván Argote valor simbólico ou sua significação histórica. Por
tinha proposto seu “Ateliê de Ativismo para Crian- exemplo, a mostra que se montou em Potosí, na
ças”, uma experiência que tinha levado adiante Bolívia, que não é uma cidade que está dentro
na França. Como BIENALSUR, consultamos se do circuito tradicional da arte contemporânea,
ele estaria interessado em montar o projeto em somou-se, nesta edição, à mostra do Centro Paco
Benim, na África, para ser realizado com um dos Urondo de Buenos Aires, ambas trabalhando o
nossos parceiros, a Fundação Zinsou, que se conceito de “fricções”, sejam políticas, estéticas
interessou porque trabalha com projetos muito ou identitárias.
voltados para a comunidade. Foi um êxito e deu Assim, colocando uma exibição no MAXXII de
resultados potentes e comoventes. Roma, claramente identificado como centro de
Outro caso similar foi o da artista Paola Monzillo, arte contemporânea, no MUNTREF em Buenos
do Uruguai, que se inseriu em Marrakesh através Aires ou na fronteira entre Colômbia e Venezuela,
de uma residência e uma mostra depois, no Pro- como já fizemos, acreditamos estar construindo
grama Anual do MACCAL, que acabou, além disso, novas lógicas de produção e consumo de bens
incorporando seu trabalho na coleção. simbólicos e culturais.
É uma forma, na prática, de contribuir com a AB - Você entende que estão alcançando os objetivos,
integração cultural dos países que participam em relação ao aporte que querem trazer para o sistema
da plataforma, da rede que vai se construindo. contemporâneo da arte?
Vai além do fazer artístico, já que como projeto DW – Sim, BIENALSUR trabalha em diálogo, em
cultural que nasceu no Sul se transforma num rede e associativamente. Estabelece sistemas
“operador” (a partir do espaço singular da cultura), de colaboração entre artistas, curadores e ins-
da realidade internacional. As escolhas e as trocas tituições e essas relações de fato têm crescido, FOTOS PATRICIA ROUSSEAUX
não estão regidas pela quantidade de público ou apesar das dificuldades orçamentárias enormes
a quantidade de exibições que aconteceram no da primeira edição para esta.
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