Page 66 - ARTE!Brasileiros #47
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO






             O MUNDO REINVENTADO DE HUDINILSON


             JUNIOR PARA CONFERIR EM MOSTRA





             DÂNDI, DARK, FLÂNEUR, QUALQUER ADJETIVO NÃO TRADUZ QUEM FOI O ARTISTA, A CARA DE SÃO PAULO


             POR LEONOR AMARANTE









             O QUE PODE A ARTE? Hudinilson Júnior sempre
             fez o que bem quis e a resposta a essa irreverência
             foi tornar-se um ponto fora da curva dentro do uni-
             verso da arte brasileira. Sua trajetória é marcada pelo
             colapso do sujeito, explosão da relação com o objeto
             e radicalização de performances. Com vigor poético
             sofisticado, somado às experiências corporais e rela-
             cionais, Hudinilson deixa uma produção intimamente
             ligada a São Paulo, seja em performances, grafites
             ou arte em xerox.
             Muitas de suas obras surgem na busca da simultanei-
             dade entre pensamento e visualidade, como no dia em
             que surpreendeu a cidade com a imagem do seu pênis
             xerografada em um imenso outdoor, próximo ao parque
             do Ibirapuera. As reações provocadas pelo atrevimento
             apontavam para o desmonte das hierarquias do espaço
             expositivo, destruição do poder de localização da obra
             e ao mesmo tempo revelava a irreverência do sujeito.
             Todo movimento de acionar a des – ordem perpassa
             pelas obras que tomam agora os 600 metros quadra-
             dos da galeria Jaqueline Martins, cuja proprietária é

 LEGENDA 1 LINHA DE ?? CARACTERES OSPSODPSO DPSO   também a curadora da mostra. As novidades são as
 DPSOPDO SPODPSODPSODP SO DPSO DPSO DPOSPDOSPO   pinturas sobre tela, realizadas quando o artista ainda
 PSODPSOP DOSPDOPS ODPSDPSO DPSPP  era estudante de arte na década de 1970. Uma tensão
             curiosa permeia a pluralidade do trabalho de Hudinil-
             son, um dos pioneiros do movimento da arte xerox no
             Brasil. Melhor personagem de sua própria obra, ao
             criar Exercício de me ver (1981), desorganiza o pensa-
             mento crítico com a simulação do ato sexual com uma
             máquina de xerox. É instigante segui-lo nessa experi-
             mentação produzindo outros sentidos para o homem e   ACIMA, RETRATO DE HUDINILSON EM SEU ATELIÊ, DÉCADA DE 80. NA PÁGINA
                                                             AO LADO, OBRA SEM TÍTULO DO ARTISTA, PRODUZIDA NA DÉCADA DE 80.

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