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INSTITUIÇÕES CASA DO POVO






             UM LUGAR ONDE


             LEMBRAR É AGIR





             FUNDADA NOS ANOS 1940 POR JUDEUS
             PROGRESSISTAS, CASA DO POVO SUPERA
             30 ANOS DE CRISE E SE CONSOLIDA COMO
             CENTRO CULTURAL PROLÍFICO, ESPAÇO
             EXPERIMENTAL DE CONVIVÊNCIA E ATUAÇÃO DE
             COLETIVOS ARTÍSTICOS MULTIDISCIPLINARES
             E MOVIMENTOS AUTÔNOMOS


             POR MARCOS GRINSPUM FERRAZ



             ATÉ SEIS OU SETE ANOS ATRÁS, muito pouca
             gente em São Paulo – incluindo quem trabalha com
             cultura – saberia dizer o que era a Casa do Povo. Cen-
             tro cultural fundado em 1946 por judeus progressistas
             no bairro do Bom Retiro, o espaço amargurava cerca
             de 30 anos de crise, com o encerramento de quase
             todas as suas atividades, e estava mais presente
             na memória de algumas gerações do que na vida
             cotidiana de moradores da cidade. O fato é que em
             muito pouco tempo a Casa vivenciou uma intensa e
             vigorosa retomada, consolidando-se como centro
             cultural prolífico e um dos espaços mais abertos à
             experimentação, ao debate político e às práticas
             artísticas multidisciplinares na capital. Voltado tanto
             para a produção contemporânea quanto para a pre-
             servação da memória, a Casa do Povo bebeu na sua
             própria história para ganhar novo fôlego e vida.
             Atualmente, frequentar o espaço significa deparar-
             -se com atividades das mais variadas e, ao primeiro
             olhar, díspares. Pode-se presenciar, dependendo da
             época, desde um workshop de dança contemporânea
             até uma aula de jornalismo para jovens de perife-
             ria; de uma peça teatral feita por secundaristas até
             uma feira de publicações latino-americanas; de uma
             performance artística até treinos de boxe abertos
             para a comunidade do bairro; de rodas de discussão
             sobre saúde e autoconhecimento feminino até ateliês   FOTO LAURA VIANA
             de produção de materiais gráficos; de oficinas de


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