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JOCHEN VOLZ COM NAINE TERENA, À ESQUERDA, E ANNELIEK SIJBRANDIJ, À DIREITA


                     Seguindo a deixa de Volz, muitos dos convidados   dos venenos espalhados pelo agronegócio”, provocou.
                     buscaram reconfigurar o auditório onde o encontro   Figura frequente em Verbier, por conta de um festival
                     ocorria, como a alterar estruturas de poder. Foi o   de música que ocorre na cidade, a cantora lírica Barbara
                     que fez logo na primeira sessão Kilomba, que aban-  Hendricks, embaixadora da Acnur (Alto Comissário da
                     donou o pedestal selecionado para os palestrantes,   ONU para Refugiados) fez uma defesa da arte como
                     preferindo falar sentada, de maneira mais informal.   elemento empoderador.
                     “Desaprender é também alterar espaços”, definiu a   Finalmente, o artista tailandês Tiravanija repensou o
                     artista portuguesa, que participou da 32ª. Bienal de   espaço do encontro de forma radical: desceu para a
                     São Paulo, em 2016. Ela apresentou na Suíça cenas de   plateia e sugeriu que cada um alterasse a organiza-
                     seu mais recente trabalho, Illusions 2, uma descons-  ção das cadeiras, deixando de estarem todas voltadas
                     trução do mito de Édipo, criado para a 10ª Bienal de   para o palco. Sob penumbra, ele pediu ao público que
                     Berlim, no ano passado.                           observasse sua própria respiração por dez minutos. Ao
                     O tom geral seguiu em reflexões políticas, como fez   final, pediu que cada um falasse algo a partir das expe-
                     Terena, que abordou as ameaças aos 800 mil índios   riências dos dois dias em Verbier, gerando certa tensão,
                     que vivem no Brasil e começou sua fala parafraseando   afinal foi um palestrante que preferiu não falar. Houve
                     o presidente da escola de samba Sossego: “Arte não   quem, após participações tão políticas, propusesse que
                     é para covardes”. Para ela, “a maior arte dos povos   o grupo deveria ter alguma ação concreta, enquanto
                     indígenas é se manter vivo, é resistência”.       outros, como Gabi Ngcobo, ao invés de falar, tocou a
                     Resistência também foi tema da fala de Ngcobo, sobre   canção “We don’t need another hero”, famosa na voz
                     experiências de movimentos anti-apartheid na África   de Tina Turner, que foi o título da Bienal de Berlim, por
                     do Sul, nos anos 1970, e como jovens artistas atualizam,   ela organizada no ano passado.
                     atualmente, as questões daquele período.          Nesse ambiente um tanto irônico, o silêncio de um
                     Já Santos, no segundo dia, em uma fala que abordou   artista como Tiravanija é uma atitude bem coerente
                     questões vinculados à defesa dos direitos humanos,   com um evento para discutir arte em uma cidade como
                     declarou estar participando de movimentos contra o uso   Verbier. Arte, de fato, não é para covardes.
                     indiscriminado de agrotóxicos no Brasil. “Há muito mais
                     pessoas com câncer no interior de São Paulo por conta   *Fabio Cypriano, viajou a convite do Verbier Art Summit


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