Page 31 - ARTE!Brasileiros #45
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ENQUANTO O ARTISTA QUISSAK
JÚNIOR ERA AMEAÇADO DE
PRISÃO PELA OBRA BANDEIRA
NACIONAL, O AMERICANO JÁSPER
JOHNS RECEBIA O PRÊMIO DE
PINTURA, COM FLAGS, NA MESMA
9ª BIENAL DE SÃO PAULO
atuantes críticos na época, responsável pela formulação do realidade vivida pelos brasileiros na época. Em 1971,
conceito do Beaubourg, de Paris, foi um dos militantes do Tomoshige Kusuno, convidado da II Bienal de Antu-
movimento. O manifesto chegou a Nova York, com artigo no érpia, é proibido de fotografar sua obra ambiental no
New York Times, criticando a censura brasileira nas artes. gramado próximo ao pavilhão da Bienal, considerada
No Itália, o Corriere della Sera publicou: ”A Bienal está em pelos militares “ocupação de área de segurança
perigo por causa da situação política do Brasil”. Eduard de nacional, pela proximidade ao quartel”.
Wilde, diretor do Stedelijk Museum, de Amsterdã, foi um Apesar da marcação sob pressão, os artistas
dos primeiros a aderir ao boicote e a às vezes conseguiam dri-
Holanda, o primeiro país a se retirar e blar os censores. No Salão
o último a voltar ao Ibirapuera. Nacional de 1971, o mais
Fora dos muros da Bienal de São Paulo, importante da época,
os artistas também militavam. Em 1967, Antonio Henrique Amaral,
Nelson Leirner e Flávio Motta, com recebe o prêmio Viagem
humor e críticas veladas, fazem grandes ao Exterior, com a série
de bandeiras de tecido, impressas em Brasiliana, telas de grande
serigrafia, com imagens de literatura de formato, com forte crítica
cordel, futebol e carnaval, e vendem no ao regime, tendo bananas
cruzamento av. Brasil com rua Augusta, como tema. Regina Vater
em São Paulo. Ambos são confundidos também recebe o mesmo
com ambulantes e as bandeiras confis- prêmio com a série Nós,
cadas. No mesmo ano, Antonio Henrique de 1972.
Amaral lança o álbum de xilogravuras Quem viveu este período,
O meu e o Seu, com forte sátira aos com certeza, não quer ver
militares. A partir de 1968, com a edi- a história se repetir, muito
ção do AI-5, artistas utilizam metáforas menos os artistas plásticos
alusivas ao regime. Cláudio Tozzi, além que, ao longo da história,
do painel Guevara Vivo ou Morto, traba- são alvo constante de qual-
lha a série Parafusos, referência à dura S/T, CLAUDIO TOZZI, 1971. LIQUITEX SOBRE DURATEX, 115X104CM quer regime de exceção.
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