Page 15 - ARTE!Brasileiros #45
P. 15

ANÍBAL LÓPEZ, SÉRIE LADINO, 2000. TODAS AS IMAGENS SÃO CORTESIA DA COLEÇÃO HUGO QUINTO E JUAN PABLO LOJO, GUATEMALA









                               colaboram mais do que nunca para pensar a situ-  contexto”, dada a situação do país. Com relação
                               ação de divisão social. Seja ela entre a extrema   ao conteúdo da edição, a obra de López é a única
                               direita e as esquerdas radicais, as elites e os   a envolver-se com as problemáticas do entorno.
                               grupos vulneráveis e segregados. Vejo como uma   Ele forma parte do grupo de artistas sensibiliza-
                               homenagem a resolução curatorial e, conhecendo   dos com as violências locais e também globais.
                               a obra, gostaria de apontar duas questões.  Potencial catalisador para os artistas contem-
                               Uma específica: a falta de obras da série Ladino,   porâneos de corte mais político.
                               um grupo de obras gráficas e instalações nas   Seu legado artístico ainda não foi devidamente
                               quais López trabalha em torno das semelhanças   valorizado pela arte internacional. Atrevo-me
                               anatômicas do corpo humano. A partir da frag-  a dizer que dentro da América Latina não há
                               mentação de corpos e faces que pinta sem pele,   outro artista que utilize-se deste tipo de recurso
                               enuncia que as diferenças econômicas, sociais e   de forma tão sagaz e firme no tempo. Insisto: a
                               raciais estão na superfície.                influência de López é fundamental para a atual
                               Ela demarca um momento crucial de sua tra-  geração de artistas na América Central, na Gua-
                               jetória, anterior às ações que veremos, onde   temala. E, com o resgate certo, da expansão da
                               se reconhece um diálogo com Santiago Sierra.   sua obra para outras latitudes.
                               Este erro de ênfase vemos também na forma
                               museográfica em que se apresenta Testimonio.  *Alexia Tala é investigadora e curadora. Atualmente curadora-chefe
                               Por outro lado, um comentário geral. Na Bie-  da Bienal de Arte Paiz Guatemala 2020, curadora do Projeto Solo em
                                                                           SP-Arte 2019 no Brasil e diretora-artística da Plataforma Atacama. Foi
                               nal, sua obra representa o maior “coeficiente de   co-curadora da 8va Bienal do Mercosur em 2011.


                                                                                                                      15




         Book_ARTE45.indb   15                                                                                   26/11/18   14:08
   10   11   12   13   14   15   16   17   18   19   20