Page 54 - ARTE!Brasileiros #39
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO


















































             ARTEFATOS I E ARTEFATOS II, JAIME LAURIANO. AMBAS DE 2016

             espalhados em diferentes segmentos – para então   plástica, bem como o núcleo dedicado à teoria dos
             identificar narrativas possíveis. “Percebi que, desde   valores, com obras que refletem e problematizam
             sempre, há um cuidado muito grande com a arte de  aspectos ligados ao capital, à riqueza e aos valores
             São Paulo”, conta Herkenhoff, que decidiu dedicar   materiais. Subindo ao primeiro andar, o espectador
             o andar térreo à discussão em torno da cidade. Lá  se deparará com um amplo segmento dedicado à
             estarão desde referências à fundação de São Paulo   cor e, em seguida, no último piso, com os blocos
             até um interessante bloco dedicado à relação entre   dedicados ao barroco e à arte afro-brasileira.
             Tarsila do Amaral e seus maridos. Merece destaque  “Há uma inversão, porque a arte afro-brasileira vai
             a escultura de Ascânio MMM, reconstruída para   ficar no topo. Aquilo que era base na estruturação
             substituir o trabalho do artista que havia sido ins-  social se inverte e é coroado, com Aleijadinho
             talado na Praça da Sé e que desapareceu quando   e Machado de Assis”, sublinha Herkenhoff. São
             foi retirada para revisão. A peça será reinstalada   várias gerações de artistas contemplados. Lá
             no seu lugar original após o término da exposição,   estão Rubem Valentim, “que tira o candomblé
             retomando sua vocação pública.              da ideia de questão de polícia, de superstição, de
             O subsolo do prédio projetado por Oscar Niemeyer  feitiçaria, de folclore, e o lança como um conjunto
             abriga um interessante diálogo entre a arte pop e a   de valores espirituais”; Emanoel Araújo, “aquele
             xilogravura, e também um conjunto importante de   que volta à África”; bem como as gerações mais
             trabalhos que lidam com a questão da memória, da  jovens, como Rosana Paulino e Ayrson Heráclito.
             subjetividade e da escrita como forma de expressão   A  imensa  maioria  dos  trabalhos  pertence  à


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