Page 59 - ARTE!Brasileiros #39
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ACIMA, MONUMENTO ÀS BANDEIRAS (2016), JAIME LAURIANO. ABAIXO, INTOLERÂNCIA (2017), SIDNEY AMARAL




                     O tema dos monumentos também aparece na obra Projeto   CARTOGRAFIAS AFETIVAS
                     São Paulo, de Fernando Piola. A instalação é composta por   Montanha mais alta da cidade, o Pico do Jaraguá é
                     uma série de caixas de mármore, que lembram urnas. Dentro   a terceira referência da mostra. Chiarelli comenta
                     de cada caixa, há imagens e informações sobre projetos de   que as obras escolhidas para esse núcleo tratam
                     edifícios e monumentos que, mesmo tendo sido aprovados   da “relação entre o céu e a terra”, além do tema da
                     pela prefeitura, não foram realizados. Entre os casos citados,   cartografia. O fotógrafo Caio Reisewitz, por exem-
                     há referências à Galeria de Cristal, complexo arquitetônico   plo, apresenta uma série de imagens, coloridas e
                     de 1890 que incluía nove galerias interligadas no centro da   em pequenos formatos, que retratam a montanha,
                     cidade.  Na instalação também estão citados o projeto original  entre outros pontos da cidade. Já Marcelo Moscheta
                     do Museu Paulista e do Plano de Avenidas, do prefeito Prestes  cria um diário ficcional com anotações e desenhos
                     Maia (1896-1965), entre outros casos que não saíram do papel.  de um explorador sobre o Trópico de Capricórnio,
                     O artista comenta que a obra funciona como um arquivo de   que passa no Parque Estadual do Jaraguá.
                     um futuro não concretizado. “Eu apresento uma espécie de   Os trabalhos mais politizados de Renata Felinto
                     dossiê desses casos, é uma homenagem a esses projetos. Ao  e Moisés Patrício poderiam parecer deslocados
                     mesmo tempo, a obra não deixa de ter esse caráter de mau-  desse núcleo. Porém, o curador enfatiza que
                     soléu, falando da morte. No fundo, a instalação trata dessa   ambos produzem o que chama de “mapas afetivos
                     construção da identidade paulista meio mal resolvida, com   da cidade”, refletindo sobre a presença do corpo
                     vários projetos interrompidos”, pontua Piola.         negro no espaço público.



























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