Page 20 - ARTE!Brasileiros #39
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BIENAL NAÏFS
À E S Q U E R D A ,
À ESQUERDA, TRAIR A ESPÉCIE (2014), INSTALAÇÃO MISTA DE CRISTIANO LENHARDT.
ACIMA, RETRATO LAMBE, LAMBE II, JOÃO GENEROSO
ignorados pelo mercado e pelo circuito têm ele- nos dias de hoje, como a defesa dos direitos das
mentos em comum com os artistas mais incensa- mulheres, dos negros e índios (não à toa o título
dos, mas a coincidência de questões entre esses se inspira numa frase do antropólogo Eduardo
dois universos. Em outras palavras, veem-se nos Viveiros de Castro). O caos urbano e o conflito entre
trabalhos inscritos qualidades do contemporâneo modernidade e tradição, como se nota na tela de
e no contemporâneo sua origem popular. Segundo Hebe Sol na qual se veem crianças índias totalmente
Diniz, a intenção da curadoria era ainda mais aculturadas, mexendo em aparelhos eletrônicos
provocadora: “Não procuramos dizer que o con- sobre as costas de um gigantesco jacaré, tendo ao
temporâneo se serve do popular, mas sim que a fundo o encontro entre os rios Negro e Solimões,
matriz popular é que é contemporânea”. A mesma também estão fortemente presentes.
busca de dissipação de sentidos estreitos para a
noção de arte primitiva se faz sentir na exposição Itinerância: 13ª Bienal Naïfs do Brasil –
complementar, Evidências, que traz uma seleção Todo mundo é, exceto quem não é
de obras participantes da Bienal desde sua criação. Áté 2 de julho
Outro aspecto interessante da seleção é a forte Sesc Belenzinho
presença, entre os selecionados, de obras que se Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho – São Paulo, SP
11 2076-9700
debruçam sobre questões amplamente debatidas
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