Exposição "Vai que dá zebra", de JAMAC
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A Galeria Vermelho apresenta Vai que dá zebra, nova exposição individual do JAMAC. A mostra ocupa a fachada, a banca e os dois andares da galeria com duas séries
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A Galeria Vermelho apresenta Vai que dá zebra, nova exposição individual do JAMAC. A mostra ocupa a fachada, a banca e os dois andares da galeria com duas séries inéditas. A produção retoma e reafirma o uso do estêncil na produção das pinturas do coletivo. A técnica está na raiz do trabalho do JAMAC, que a usa na capacitação de pessoas no bairro da Zona Sul de São Paulo e em suas produções colaborativas para exposições institucionais como Blooming Brasil-Japão, que ocorreu no Toyota Municipal Museum of Art, no Japão, em 2008; e na Ocupação de seis meses que o coletivo fez no Pavilhão das Culturas Brasileiras, em 2011 – para citar alguns. Em Vai que dá zebra, as pinturas são produzidas a partir da combinação do estêncil com a serigrafia.
A série Escuta propõe um inventário de convivências por meio de pinturas que sobrepõem imagens de cadeiras com significado para o coletivo. Cada composição sugere modos de estar junto — registos de encontros cotidianos e possibilidades de novas escutas.
Aposta cruza arte, cultura popular e jogo. A série reúne pinturas feitas a partir dos 25 animais do jogo do bicho e convida colecionadores a participar de um jogo com uma das obras – a única que reúne todos os bichos. Essa pintura será sorteada entre os compradores de uma das pinturas que funcionam como bilhetes para o jogo. Ao adotar a lógica da aposta, o JAMAC discute valor, risco e mercado, tendo a zebra — o resultado improvável — como símbolo central de incerteza e reinvenção.
É ela quem ocupa a fachada, marcando o ponto onde a aposta falha — ou começa de novo.
A Ocupação JAMAC, na Banca da Vermelho continua ativa, agora também com itens relacionados à exposição.
JAMAC: Vai que dá zebra
Vai que dá zebra parte da presença e do imprevisto que organizam ideias, espaços, imagens. Quando um conjunto de cadeiras se torna espaço de escuta, o jogo vira gesto artístico e o risco deixa de ser desvio para se tornar método. Apostas e dúvidas, imagens e presenças conformam arranjos provisórios, como quem se senta para desenhar sem saber o que vai sair. Neste espaço o acaso não atrapalha, é ele o disparador do processo.”
É assim que Bruno o., um dos integrantes do Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC), aproxima as duas séries que o coletivo da Zona Sul de São Paulo apresenta em sua nova individual na Vermelho. Aparentemente opostas, elas se unem pela abordagem da aposta — tanto como gesto artístico quanto como dimensão social. De um lado, o jogo de azar e o sonho da ascensão pela sorte; de outro, a permanência de um trabalho coletivo que entrelaça arte, educação e ativismo.
O uso do estêncil — técnica fundadora do coletivo — é reafirmado nas pinturas da exposição, em diálogo com a serigrafia, reforçando a dimensão gráfica e colaborativa da produção do JAMAC.
Em Escuta, um inventário de cadeiras é transformado em pinturas. Esses assentos, recorrentes nas vivências do coletivo — oficinas, rodas de conversa, encontros —, carregam significados simbólicos e afetivos. Desenhos de seis cadeiras diferentes foram recortados em estênceis e gravadas em telas serigráficas. As composições que entrelaçam esses ícones, sugerem modos de estar junto, de escutar e de esperar, e convidam à reflexão sobre os gestos e relações que sustentam a vida em comum e a ocupação dos espaços.
Já Aposta explora o cruzamento entre arte, cultura popular e mercado, a partir das imagens dos 25 animais do Jogo do Bicho. Impressas sobre tecido, em padrões que também combinam estêncil e serigrafia, essas figuras remetem à lógica da incerteza, aproximando o fazer artístico do risco do jogo. A zebra — animal ausente da cartela oficial — simboliza o imprevisto e se torna elo entre o azar e a instabilidade do próprio sistema da arte.
A série inclui pinturas com um ou mais animais do jogo, além de uma colcha que reúne todos os 25 bichos — essa, não à venda, será sorteada entre quem adquirir uma de outras 100 pequenas obras disponíveis que se desdobram em quatro versões para cada um dos 25 animais. Assim como no jogo, em que cada bicho corresponde a quatro números, aqui a chance de sorteio aumenta conforme o número de aquisições.
Aposta é a convergência entre jogo e arte. Ambos envolvem riscos pessoais — do jogador e do artista — e contam com a imprevisibilidade, representada pela zebra. Embora ausente da cartela, ela simboliza o inesperado. “Dar zebra” vem do Jogo do Bicho e expressa exatamente isso: o resultado que escapa ao controle. Com esse 26º bicho, o JAMAC propõe uma reflexão sobre o fracasso e a surpresa como parte do processo criativo.
A zebra torna-se ícone da exposição e ocupa a fachada da galeria como símbolo central de incerteza e reinvenção.
Cada animal foi desenhado por um colaborador convidado — de funcionários da galeria a pessoas próximas ao JAMAC. Essa prática é um dos fundamentos do coletivo: quando participa de exposições, o grupo realiza oficinas com comunidades do entorno, das quais surgem desenhos que se tornam estênceis usados nas obras apresentadas.
Ao transformar o risco em método, Vai que dá zebra reafirma a centralidade da experimentação coletiva na prática do JAMAC. A exposição articula técnica e política para propor formas de convivência sustentadas na participação e na incerteza — estratégias que atravessam tanto os processos de criação quanto os modos de atuação do grupo.
Serviço
Exposição | Vai que dá zebra
De 19 de julho a 23 de agosto
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 17h
Período
19 de julho de 2025 10:00 - 23 de agosto de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP