Exposição “Pã sem Flauta”, do artista Antonio Hélio Cabral
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A DAN Galeria apresenta a exposição “Pã sem Flauta”, um conjunto de 26 obras inéditas da produção mais recente do artista Antonio Hélio Cabral, que dá continuidade ao seu trabalho
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A DAN Galeria apresenta a exposição “Pã sem Flauta”, um conjunto de 26 obras inéditas da produção mais recente do artista Antonio Hélio Cabral, que dá continuidade ao seu trabalho ininterrupto com a pintura, iniciado na década de 1970. A mostra marca a nova parceria com a galeria, que passa a representar o artista. Criadas, em sua maioria entre 2022 e 2024, as obras selecionadas abrem um leque de possibilidades em diferentes direções, sem abandonar a ironia, recurso já conhecido no trabalho do artista, seja nos títulos ou nos grafismos e desenhos. Com curadoria de Luiz Armando Bagolin, a mostra fica em cartaz até 8 de março de 2025.
Em combinações vibrantes de cores, as telas revelam movimentos de corpos e cabeças que surgem do próprio ato de pintar. Diferente da tradicional composição de pintura, na qual as figuras são o elemento principal e vão sendo construídas propositalmente, Cabral dá vida a essas formas sem planejamento e intensão representativa, por meio de justaposições, aglutinações e sobreposições de tintas e pinceladas.
“Penso a figura como derivada da pintura. O contrário disto, figura pintada, é tudo que não desejo”, afirma Cabral. “Trabalho a forma e o fundo juntos. Não costumo centrar a pintura em cima de uma figura que tem um imaginário fechado”, explica. “Enquanto crio, surgem, desaparecem e aparecem novamente outras subfiguras. Então, é um imaginário que se movimenta, não é fixo a uma determinada imagem do começo ao fim”, fala. “Muitas vezes, quando a pintura termina, ela não tem absolutamente nada a ver com aquilo que foi a motivação para começar.”
A literatura, a filosofia e a mitologia são fontes de inspiração recorrentes de Cabral para a produção de suas obras, além de situações do dia a dia, que causam impactos visuais e geram outros disparos criativos. A tela Pã sem Flauta (2023), que dá nome à mostra, por exemplo, faz referência ao deus dos campos, rebanhos e pastores, na mitologia grega, sempre representado com uma flauta. “Essa é uma pintura que ficou com uma cara de pastoral, um ambiente ligado a criaturas mitológicas. Então, pensei no Pã e fiz essa brincadeira do Pã sem flauta”, comenta Cabral.
Lótus (2020) surge de um imaginário sobre o Oriente. “Na pintura tem um amarelo que é quase colocado puro, na verdade, normalmente não costumo usar cores puras, mas nesse quadro elas estão dessa forma. Com isso, uma das ideias do nome foi porque na cultura oriental, o lótus é uma flor ligada a pureza”, afirma.
Outro gatilho que ajudou a compor o título da obra foi a história O Lótus Azul – cor também presente na pintura –, da série As Aventuras de Tintim, produzida pelo belga Hergé. O álbum aborda a viagem do jovem repórter Tintim e seu cão Milu, que são convidados para ir a China no meio da invasão japonesa de 1931, onde ele revela as maquinações de espiões japoneses e descobre um anel de contrabando de drogas.
O toque de magia contido na peça teatral A Tempestade, do dramaturgo William Shakespeare, foi referência para denominar o óleo sobre tela Próspero (2023), nome do protagonista da história. Duque de Milão e mago de amplos poderes, o personagem foi raptado pelo irmão e, em um ato de traição política, jogado em uma Ilha deserta, junto a sua filha Miranda.
Duas obras criadas neste ano receberam títulos de nomes de poetas italianos, Leopardi, em referência a Giacomo Leopardi, um dos maiores expoentes da poesia de seu país, e Petrarca, em alusão a Francisco Petrarca, que aprimorou o tipo de poema chamado “soneto” e também tido como o pai do Humanismo. Segundo Cabral, a sensação que a primeira pintura causa é semelhante à dos textos do poeta, conhecido pelo ceticismo, pessimismo e melancolia em suas obras. “Já em Petrarca, no meio daquela comoção de tintas, existe uma ideia de retrato quase que renascentista, uma figura clássica, por isso a referência”, diz.
A coletânea de obras selecionadas para a mostra também é composta por telas mais antigas, porém nunca expostas, como Fala D. João 13 (2015). Foi concebida a partir do poema de número 13, que compõe uma série de 25 textos escritos por Cabral em 1995, acompanhados por litografias, e que posteriormente ganharam pinturas. “Esse livro é como se eu entrasse na cabeça de D. João II, que foi um dos grandes arquitetos das navegações portuguesas e flagrasse desde impulsos a ações mais bem boladas de como ele arquitetava grandes movimentos”, relembra.
Ainda, o público entrará em contato com as pinturas Sète (2017), Figura Nácar (2017), Autorretrato (2018), Pan Sírinix (2018), Filo (2020), Ícaro (2020), Silvos (2020), Sabinas (2021), Ponty (2022), seis obras Sem título, Luas, Nácar, Sófia, Io – todas de 2023 –, e Pino (2024)
Serviço
Exposição | Pã sem Flauta
De 26 de outubro a 08 de março
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados das 10h às 13h
Período
26 de outubro de 2024 10:00 - 8 de março de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
DAN Galeria
Rua Estados Unidos, 1638 01427-002 São Paulo - SP