Exposição "Outras Simetrias", de Juliana Cerqueira Leite
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A Casa Triângulo inaugura a exposição inédita Outras Simetrias, com trabalhos da produção recente da escultora brasileira radicada em Nova York Juliana Cerqueira Leite. Neles, Juliana utiliza a escultura para
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A Casa Triângulo inaugura a exposição inédita Outras Simetrias, com trabalhos da produção recente da escultora brasileira radicada em Nova York Juliana Cerqueira Leite. Neles, Juliana utiliza a escultura para explorar o corpo humano, criando esculturas e desenhos que desafiam percepções tradicionais, integrando o corpo em novos contextos e questionando sua estabilidade. A artista promove a instabilidade através de recortes e justaposições, sugerindo novas presenças e espaços. Seus desenhos revelam aspectos latentes, emergindo do gesto artístico e da aparição.
A partir de seu corpo, Juliana criou dois moldes com atadura gessada e espelhados, refletindo a mesma pose. Ambos são cortados verticalmente ao meio, segundo o eixo sagital, onde o próprio corpo se espelha, e depois fundidos perpendicularmente. A artista se lança e relança em um trabalho que, para gerar corpos que criam outros espelhamentos, rompe lógicas preexistentes.
Subvertendo a dimensão da escultura clássica, elabora combinações que revelam as esculturas como poemas que geram assimetrias em torno do espaço. Da presença enigmática de corpos e da linguagem, surgem obras que lembram carcaças, casulos, figuras que, em constante mutação, vivem entre o humano e o animal, como imagens que se deslocam em sonhos, no céu ou na alucinação poética. O resultado apresenta impressões abstratas e formas em dissolução, injetando uma dimensão delirante, plural e nômade na representação artística, desafiando os conceitos tradicionais de forma e corpo.
Segundo Bianca Coutinho Dias, que assina texto crítico sobre a obra de Juliana, esse trabalho permite explorar várias conexões com outros artistas ou conceitos filosóficos que exploraram essa relação com o corpo, como Eva Hesse, cujas obras tridimensionais antropomórficas incorporavam uma “operação complexa” que unia gestos contraditórios e abrigava a dúvida, desafiando limites estabelecidos; as ideias de Donna Haraway sobre as novas tecnologias do corpo, sugerindo que a obra de Juliana tateia o organismo híbrido humano-máquina, confundindo fronteiras entre orgânico e inorgânico, ou Lygia Clark, que em sua obra “Caminhando” também questionou radicalmente as coordenadas rígidas do espaço; ou os exercícios filosóficos de Jean-Luc Nancy ecoando as reflexões sobre o corpo como intruso que revelam a instabilidade do corpo e a noção de que “o eu é um outro”.
Por fim, Bianca Dias faz referência ao livro “Escute as feras” de Nastassja Martin, que relata um encontro violento com um urso na Sibéria. A antropóloga sobreviveu, e em seu corpo, incorporou algo do urso. Esta experiência é comparada ao trabalho de Juliana, ambos propondo um espelhamento que desafia concepções dualistas e abre-se à alteridade radical. O texto conclui sugerindo que a obra de Juliana, assim como a experiência de Martin, apresenta um exercício vertiginoso de ressonâncias e outras simetrias.
Serviço
Exposição | Outras Simetrias
De 07 de novembro a 21 de dezembro
Terça a sexta das 10h às 19h e sábado das 10h às 17h
Período
7 de novembro de 2024 10:00 - 21 de dezembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Casa Triângulo
Rua Estados Unidos, 1324, São Paulo - SP