Casamento no Museu Oscar Niemeyer
Foto: Midori Kobiyama

Um dos maiores museus da América Latina, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com um acervo de 14 mil obras e 35 mil metros quadrados de área construída, o Museu Oscar Niemeyer (MON), de Curitiba (PR), é patrimônio público, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura do governo do Estado. A secretaria destinou R$ 3.129.379,00 ao MON em 2024. Por causa disso, causou polêmica essa semana a celebração, pela primeira vez, de um casamento privado no espaço museológico do MON – tombado pelos órgãos do patrimônio paranaense e em estudo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O casamento foi no sábado, 12/10, unindo Yasmin Bonilha, filha de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Paraná (Ivan Lelis Bonilha), com Gregorio Nissel. Isso suscitou também uma crítica de suposto conflito de interesses. Os convidados eram recepcionados na parte da frente do museu. O espaço recebeu algumas interferências cenográficas para a festa, como adesivagem do piso da rampa e fechamento das paredes do salão com tecido que imitava estampas de tecidos tradicionais árabes (reproduzindo um cenário das Mil e Uma Noites, com colunatas e portais). As mesas centrais continham réplicas de faisões. A cerimônia foi organizada pela produtora de eventos Ilze Lambach.

A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de manter coleções de arte asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil obras de arte (entre elas, peças de Andy Warhol, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Caribé e Tomie Ohtake). É visitado por mais de 200 mil pessoas por ano. O Museu Oscar Niemeyer (MON) divulgou uma nota, no final da tarde desta segunda-feira, a respeito da permissão dada à realização de um casamento em suas dependências.

Segundo a direção do museu, a Associação de Amigos do MON (AAMON) possui autorização expressa da Secretaria de Estado da Cultura para locação de espaços para eventos privados, incluindo eventos de natureza social. “Esta é uma fonte de recursos que viabiliza as atividades do Museu, incluindo melhorias em sua infraestrutura, produção de exposições, atividades educativas, entre outros. O objetivo principal é oferecer sempre a melhor experiência ao visitante, democratizando o acesso”. Não foi informado o valor cobrado pela cessão do espaço para a festa de casamento.

Conforme a nota, como o espaço está sendo preparado para receber nova exposição após o encerramento e desmontagem da mostra “Extravagâncias”, de Joana Vasconcelos, a visitação ao museu estava suspensa, o que evitou algum prejuízo ao visitante normal. “Além disso, no espaço Olho foi realizada apenas cerimônia de casamento breve, com todas as restrições para preservação do espaço e com aproximadamente uma hora de duração, e a festa de casamento ocorreu fora das dependências do museu, no Salão de Eventos e Vão Livre”, prossegue a nota.

Uma postagem em uma rede social, com registros da festa, incendiou a controvérsia. Os registros mostram equipamento extra para iluminação e sonorização, o que suscitou dúvidas acerca da segurança. O museu sustenta que a locação ocorreu com autorização dos órgãos competentes, com emissão de alvará temporário específico para o evento e licença perante o corpo de bombeiros. A instituição também informou que esse tipo de atividade é comum em diferentes museus públicos e privados, nacionais e internacionais, citando os casos do Instituto Inhotim, Museu Histórico Nacional, Museu do Amanhã, MAC Niterói, MAM-RJ, MUBE-SP, National Gallery (Londres), Art Institute Chicago, Museu de História Natural de Nova York, Museum of the City (New York), Asian
Art Museum (San Francisco) e o Brooklin Museum de Nova York.


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1 comentário

  1. Desde que tenha sido pago, mal não há… Eu já fui a mais de uma festa privada na Pinacoteca de São Paulo e no MCB, e a um jantar no Louvre oferecido por uma empresa privada. Parte do mimo aos convidados consistia em uma visita à Mona Lisa com asala que a abriga totalmente vazia…

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