Ani Ganzala, Odoyá, 2022. Foto: André Pitol
Ani Ganzala, Odoyá, 2016. Foto: Cláudio Colavolpe

Em cartaz até o dia 2 de abril, no Sesc Pompeia, a exposição A parábola do progresso parte de três marcos históricos brasileiros – o Bicentenário do Sete de Setembro (1822), os 100 anos da Semana de Arte de Moderna de São Paulo (1922) e o 40º aniversário da unidade Pompeia – para discutir os ideários de modernidade e independência do Brasil.

A mostra começou a ser concebida no primeiro semestre de 2021, por sua coordenadora curatorial, a crítica Lisette Lagnado, em parceria com a professora Mirtes Marins de Oliveira, mestre e doutora em Educação: História, Política e Sociedade, pela PUC-SP, que, posteriormente, saiu do projeto, por incompatibilidade de agenda. Inicialmente, o foco era mais restrito, buscava refletir sobre “como a Semana de 22 inside sobre os temas contemporâneos”, explica Lisette.

Em novembro de 2021, com o retorno de Lisette da Alemanha – onde atuou na equipe curatorial da 11ª Bienal de Berlim (2020) – para São Paulo, juntaram-se a ela dois curadores associados: Yudi Rafael e André Pitol. Com eles, a reflexão se ampliou, abarcando a efeméride do Bicentenário. Para Lisette, falar de modernidade implica falar em colonialidade. O que levou o trio de curadores a convidar “agentes coletivos para pensar aquilo que o moderno e a colonização implodiram, que são as vidas, as existências em comunidades”, explica Lisette.

Após uma pesquisa de campo, Lisette, Yudi e André reuniram o que denominam de “cinco espaços dialógicos”: o Acervo da Laje (do subúrbio ferroviário de Salvador, na Bahia), a Aldeia Kalipety (da cidade de São Paulo), a Casa do Povo (também da capital paulista), o Quilombo Santa Rosa dos Pretos (de Itapecuru Mirim, no Maranhão), e o Savvy Contemporary – the Laboratory of form-ideas (de Berlim, na Alemanha).

Os cinco territórios coletivos de A parábola do progresso alinhavam a produção cultural a uma perspectiva de cuidados e hospitalidade em relação às comunidades em seus entornos. Na exposição, esses projetos dialogam, por sua vez, com a proposta de “cidadela” concebida por Lina Bo Bardi (1914-1992) na arquitetura do Sesc Pompeia, “um espaço de convivialidade por excelência”, ressalta a curadora.

Questões de raça, gênero e classe são trazidas à tona pela equipe curatorial, ao confrontar obras de Tarsila do Amaral, Emiliano di Cavalcanti, Cândido Portinari, Vicente do Rego Monteiro, Lasar Segall e Anita Malfatti com a produção de artistas contemporâneos, como Ani Ganzala, Alice Yura, Barbara Marcel, Emilia Estrada e Márcia Falcão, entre outros.

arte!brasileiros visitou a exposição e conversou com Lisette, Yudi Rafael e André Pitol. Confira:

Leia também a crítica de Maria Hirszman clicando aqui.

SERVIÇO

A parábola do progresso
Curadoria: Lisette Lagnado; curadores associados: André Pitol e Yudi Rafael
Até 2 de abril de 2023
Área de convivência do Sesc Pompeia – R. Clélia, 93 – São Paulo (SP)
Horários: terça a sábado, das 10h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h
Visitação gratuita


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