Rodtchenko
Rodtchenko

A cada edição, a Bienal de São Paulo tenta introduzir novas formas de pensar o evento. Se, em décadas passadas, parte do quebra-cabeça consistia em atrair artistas estrelados do mercado internacional, hoje o desafio, é criar conceitos inovadores.

Nesta edição, tudo será feito a partir de um “sistema operacional” alternativo, segundo o curador geral, o espanhol Gabriel Pérez-Barreiro. A mostra se organiza com doze projetos individuais, além das mostras coletivas idealizadas por sete artistas – curadores.

A ideia não é nova, já foi experimentada, em uma outra versão pelo crítico, historiador e curador, Walter Zanini, na mesma Bienal de São Paulo, em 1981. A diferença é que desta vez a participação de artistas-curadores é mais explícita e metódica.

Ao escolher artistas interessados nos seus próprios contextos criativos, Pérez – Barreiro evita armar a exposição por seções, vetores ou qualquer outra denominação e se lança numa experiência curatorial múltipla. Uma variante desse formato também funcionou na Bienal dos Jovens de Paris, em 1969, sob a regência de Jacques Lassaigne, concebida sob o signo de comunas com trabalhos em equipe e obras coletivas, surgidas na esteira de Maio de 1968, que se mimetizavam com o trabalho do curador geral. Além da colaboração dos artistas na curadoria, a participação no evento francês contou com Frank Popper e sua Oficina do Espectador, onde todos os visitantes também se tornavam curadores, dando à Bienal Jovens de Paris forte sentido experimental. Infelizmente a mostra francesa fechou suas portas em 1985.

O tema da 33ª Bienal de São Paulo, Afinidades afetivas é retirado do livro de Goethe, Afinidades Eletivas, de 1809 e refere-se também à tese Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte, de 1949, do crítico Mario Pedrosa.

Os artistas escolhidos, com projetos comissionados pela exposição, vão de Tamar Guimarães a Vânia Mignone, passando por Alejandro Corujeira, Bruno Moreschi, Denise Milan, Luiza Crosman, Maria Laet, Nelson Felix. Bienais gostam de resgatar obras relacionadas a um fato político social polêmico. O trabalho da vez é de Siron Franco, um dos nomes recorrentes da Bienal, que retorna pela sétima vez ao Ibirapuera, agora com o polêmico Césio/Rua 57, sobre o acidente ambiental, que aconteceu em Goiás com centenas de vítimas, todas contaminadas pelas radiações emitidas por uma cápsula com césio-137.

Entre as exposições/homenagens estão as do guatemalteco Aníbal López, do paraguaio Feliciano Centurión e da brasileira Lúcia Nogueira, residente no Reino Unido.

Com percepção colaborativa, esta edição convida artistas-curadores que trabalham juntos pela primeira vez. Além dos doze projetos individuais, eles são responsáveis pelas exposições coletivas. Alejandro Cesarco  se concentra em artistas que trabalham sobre tradução e imagem; Antonio Ballester Moreno propõe diálogo de sua obra com referenciais sobre história da abstração e relação com a natureza, pedagogia e  espiritualidade; Claudia Fontes ativa questões envolvendo relações entre arte e narrativa; Mamma Andersson faz reflexão sobre figuração na tradição da pintura, desde a arte popular à arte contemporânea; Sofia Borges prepara pesquisa sobre a tragédia e a forma ambígua; Waltércio Caldas desenvolve  reflexão histórica sobre a forma e a abstração e Wura-Natasha Ogunji enlaça artistas que trabalham com proximidade e compartilham questões sobre identidade e a diáspora africana.  Ainda compõem a equipe da 33ª Bienal, Alvaro Razuk (arquitetura), Lilian L’Abbate Kelian e Helena Freire Weffort (educativo), Fabiana Werneck (editorial) e Raul Loureiro (identidade visual).

A 33ª Bienal de São Paulo poderá ser conferida de 7 de setembro a 9 de dezembro de 2018, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera.


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