Como escreve Neusa Santos Souza, descobrir-se preto vai além do que é visível. É atravessar a experiência de ter a identidade negada, ser confundido em suas perspectivas e submetido
Como escreve Neusa Santos Souza, descobrir-se preto vai além do que é visível. É atravessar a experiência de ter a identidade negada, ser confundido em suas perspectivas e submetido a exigências alheias. Ainda assim, saber-se preto é um ato de reconstrução: buscar, na própria história, sinais de pertencimento e continuidade. Ser preto não é somente uma condição dada, é um vir a ser. Ser preto é tornar-se preto.
Nesta exposição, revisito a parte materna da minha família, composta em sua maioria por mulheres pretas que, como em muitas famílias brasileiras, são o alicerce da criação, da educação, da preservação e da transmissão de valores, saberes e práticas culturais que sustentam a comunidade afrodescendente.
As gravuras, criadas nas técnicas de xilogravura, linoleogravura, fotogravura, gravura em metal e processos híbridos que articulam tradição e tecnologia, são inspiradas em histórias vividas e contadas durante minha criação na cidade de Sumaré, interior de São Paulo: em cenas do cotidiano, no café da manhã, nas festas em família, nos momentos de trabalho e de descanso.
As obras também abordam o sincretismo religioso, entre
tradições de matriz africana e o catolicismo popular, fortemente presentes no âmbito espiritual da família.
Tornar-se Preto: Meus Laços de Família é um ato de
autoconhecimento e de retorno. Um agradecimento simbólico àquelas que me fizeram e me conduziram até este momento em que me encontro como ser.
Serviço
Exposição | Tornar-se Preto: Meus Laços de Família
De 01 de julho a 03 de outubro
Segunda a sexta, das 12h às 17h
1 de julho de 2025 10:00 - 3 de outubro de 2025 19:00(GMT-03:00)
Centro Municipal de Cultura Uberlândia
Praça Prof. Jacy de Assis - s/n - Centro, Uberlândia - MG