
Água de feijão preto, terra de diferentes cores e texturas, açafrão, polvilho, bambu, carvão, folha de mangueira, nódoa de banana, erva de passarinho, eucalipto e por aí vai. São estes e vários outros elementos que servem de base para as pinturas e esculturas da artista mineira Josi, que apresenta em São Paulo a exposição arrastar chãos, juntar imbigos, na galeria Mendes Wood DM, até 10 de agosto.
Não se trata, que fique claro, de um simples interesse de Josi por materiais diversos da natureza, ou ainda da pesquisa de uma “curiosa” pelos elementos de ambientes diversos. Nascida no Vale do Jequitinhonha e criada parte da vida em Caeté, até se estabelecer mais recentemente em Belo Horizonte, Josi tem com essas matérias uma relação quase de “entrelaçamento”, como explica a curadora da mostra Galciani Neves. “Para a Josi, é muito coerente com o jeito que ela enxerga o mundo e os pactos da vida que se valesse desses materiais que estão ao alcance da mão, com os quais ela já convivia desde criança.”
Isso fica claro, inclusive, nos próprios termos utilizados pela artista, de 41 anos, para falar de sua trajetória – razoavelmente recente – no meio artístico. “O meu trabalho é um levantamento de fervura recente, mas de uma coisa que vem se adensando há muitos anos. E essa ebulição está muito ligada ao feijão”, conta. Atuante como educadora na rede pública de ensino desde jovem e posteriormente graduada em Letras – na primeira geração com curso superior em sua família –, Josi decidiu estudar arte na Escola Guignard, da UEMG, em 2017. E pouco depois veio a história do feijão, em período no qual estudava pintura com a professora Thereza Portes.
Um dia, em 2020, quando cozinhava em uma panela de pressão, viu uma espécie de sujeira vazando. Observando aquele líquido de tom azulado, que lentamente mudava para tons mais esverdeados ou arroxeados, percebeu o potencial deste pigmento para suas pinturas. E assim começou uma longa pesquisa que Josi relaciona à ideia de “quarar reverso” – que se tornou, inclusive, título de sua primeira exposição individual, em 2022 na Casa Fiat (Belo Horizonte).
O quarar, verbo que pode soar antiquado – ou é até desconhecido – para muitos, se refere a técnicas para tirar manchas de roupas e panos, em geral ligadas à exposição ao sol. Resumidamente, algo feito para alvejar peças com manchas causadas pelo uso doméstico. Para Josi, acostumada a utilizar deste processo ao longo da vida, a ideia agora, no entanto, é criar aparecimentos, não o contrário. “Então isso me guia para pesquisar pigmento. Tudo que mancha roupa eu vou buscar para trazer para a minha pintura. Então na exposição você vai achar muitos materiais que mancham roupa, como a seiva do umbigo da banana, que impregna, as terras aguadas, que podem ser desde uma aguinha rala até um barro, e assim por diante.”
Adensamento de gente
O fato é que toda a explicação sobre o trabalho com os materiais e pigmentos só ganha sentido por sua conexão direta com os temas e assuntos que surgem nas obras. Seja nas pinturas ou esculturas, corpos e rostos – em geral de pessoas, mas por vezes de outros seres – surgem adensados, marcando presenças e se voltando contra os apagamentos. Mais uma vez, são povoamentos, espécies de “quaramentos reversos”, mas agora de seres. “Quando eu falo muito de processo, dos materiais, é porque essa matéria também puxa muito pra esses temas. (…) Tem ali uma gentaiada né, é muita gente trançada”, brinca ela. “E como a água é muito parceira na minha pintura, pode-se pensar que tem também um aguado de gente. Às vezes da linha de uma pessoa já vem outra.”
Reverter apagamentos, como identifica Galciani, que conviveu com a artista nos últimos anos, também se liga diretamente com a história de vida de Josi, que abrange presenças, mas, também, muitas ausências e desligamentos. “O trabalho dela acontece de uma maneira muito conectada com a história e de sua família, com o lugar onde ela nasceu, onde ela vive, e o lugar onde estão essas pessoas que vieram antes, dessa ancestralidade da qual ela é muita próxima. Isso tudo é muito caro e importante para a Josi.”
O corpo – representado nas obras – e o território – matéria prima da produção –, surgem fundidos no trabalho. A suposta separação entre natureza e cultura, comum ao pensamento ocidental, é substituída por uma grande fusão, em uma produção que parte muito mais de associações, conexões e ancestralidades do que de separações e categorizações. “O homem não é destituído da natureza”, destaca Galciani, completando que para Josi nada disso é apenas discurso ou teoria: “Não existe essa cisão, isso está arraigado no trabalho dela. Ela está contando uma história onde o corpo é completamente implicado e engajado no lugar. Tanto que esse lugar vem ‘matericamente’ para o trabalho”.
A segunda individual de Josi, já em uma das maiores galerias do país, mostra que a tal “fervura” de sua produção foi rápida, deixando a artista por vezes até insegura. Mas como ela mesma diz, sua história e suas “movências” são antigas, o que fica claro no próprio título da exposição: é toda uma vida de arrastar chãos, juntar imbigos, ou seja, de trabalhar com as mãos, de observar e atuar no mundo cotidianamente. “Então acho que é um encontro muito bonito entre as dinâmicas do que compõem um trabalho de arte: uma instância política, uma instância ética, uma instância técnica. O trabalho dela conjuga isso na prática, no encontro com o lugar e seus tempos e com as materialidades”, conclui Galciani.
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O Sesc Vila Mariana recebe a exposição inédita Jardim do MAM no Sesc, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São
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O Sesc Vila Mariana recebe a exposição inédita Jardim do MAM no Sesc, uma correalização do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Sesc São Paulo. A mostra tem curadoria de Cauê Alves e Gabriela Gotoda e reencena na entrada do Sesc Vila Mariana elementos do Jardim de Esculturas do MAM. Nela, o público poderá apreciar obras da coleção do MAM, entre esculturas icônicas de Alfredo Ceschiatti, Amilcar de Castro e Emanoel Araújo, e trabalhos que exploram críticas sociais, como as obras de Regina Silveira, Luiz 83 e Marepe.
Para a presidente do MAM, Elizabeth Machado, a parceria com o Sesc reforça o compromisso do museu em ampliar o acesso à arte: “O acervo do MAM é um patrimônio vivo, e essa exposição no Sesc Vila Mariana permite que um público ainda mais amplo entre em contato com obras fundamentais da nossa história, promovendo o encontro e a reflexão sobre a arte brasileira. O Sesc é um parceiro longevo do MAM, e essa colaboração reafirma nossa missão conjunta de ampliar o acesso à cultura.”
Os artistas participantes da mostra são Alfredo Ceschiatti, Amílcar de Castro, Bruno Giorgi, Eliane Prolik, Emanoel Araujo, Felicia Leirner, Haroldo Barroso, Hisao Ohara, Ivens Machado, Luiz83, Marepe, Mari Yoshimoto, Márcia Pastore, Mário Agostinelli, Nicolas Vlavianos, Regina Silveira, Roberto Moriconi, Rubens Mano e Ottone Zorlino.
A seleção de obras inclui peças que já integraram o Jardim do MAM, além de trabalhos do acervo do museu que dialogam com temas como natureza, cidade e materialidade. A montagem no Sesc Vila Mariana recria a dinâmica do Jardim de Esculturas, utilizando elementos cenográficos que evocam a topografia sinuosa do Parque Ibirapuera projetada pelo escritório do emblemático arquiteto paisagista Burle Marx, estimulando novas interações entre corpo, espaço e arte.
Inaugurado em 1993, o Jardim de Esculturas do MAM marca uma iniciativa que reavivou a coleção do museu em um espaço próprio, gratuito e de grande circulação de pessoas. “Ao propor uma espécie de reencenação do Jardim do MAM na Praça Externa do Sesc Vila Mariana buscamos elaborar a ideia de que, assim como o espaço do jardim no Parque Ibirapuera, o espaço do Sesc funciona como um centro de encontros urbanos”, diz Cauê Alves. “A exposição inclui obras da coleção do MAM que se relacionam, por diferentes vias, com a natureza, o corpo, a cidade, a materialidade, e com linguagens que expressam algumas das tensões inescapáveis à sociedade.”, completa o curador.
A proposta da exposição do Jardim do MAM no Sesc Vila Mariana é estimular essa relação entre corpos, obras e espaço, transformando a Praça Externa da unidade em um território de circulação, experimentação e descoberta. Sem a pretensão de emular o paisagismo do parque, a cenografia do projeto recria as curvas e volumes que marcam o jardim original, propondo um ritmo espacial entre as esculturas. Para Gabriela Gotoda, curadora da exposição ao lado de Cauê Alves: “Se o princípio mais original e autêntico da arte moderna é de que ela se aproxima da vida, um museu que se dedica a colecioná-la e atualizá-la no seu tempo presente deve continuamente se esforçar para oferecer aos públicos possibilidades de fruição que não os distanciam das suas realidades, e sim vão de encontro a elas.”
MAM Educativo
Durante o período da exposição, o público poderá participar gratuitamente de atividades educativas promovidas pelo MAM Educativo, que desenvolve programas e projetos em diálogo com seus públicos, por meio de uma programação acessível e gratuita que busca equiparar oportunidades e reduzir barreiras físicas, sensoriais, intelectuais, sociais ou de saúde mental.
Inspiradas nas experiências realizadas no Jardim de Esculturas do museu no Parque Ibirapuera, parte das ações de maio do MAM Educativo serão adaptadas ao espaço do Sesc Vila Mariana, propondo diferentes formas de interação entre corpos, obras e o ambiente expositivo. Voltadas a públicos de todas as idades e perfis, as atividades buscarão estimular novas formas de olhar, habitar e refletir sobre o espaço urbano por meio da arte.
As atividades serão divididas em programas. “Contatos com a arte” promove a formação cultural de professores, educadores, pesquisadores e estudantes universitários, fomentando seu papel de multiplicadores das diferentes expressões artísticas e abordagens pedagógicas a partir de processos criativos diversos. Já “Família MAM” promove o encontro do universo artístico do museu com as culturas da infância, através de narrações de histórias, brincadeiras, oficinas artísticas, visitas mediadas seguidas de experiências poéticas, entre outras atividades. Em “Domingo MAM” estão atividades que convidam o público a experimentar diversas linguagens artísticas a partir de eixos temáticos que englobam dança, música, cultura popular, cultura de rua, debates e oficinas plásticas.
Tem ainda o “Programa de Visitação”, que atende a todos os perfis de público e incentiva o acesso à arte e à cultura por meio do exercício do pensamento crítico. Fazem parte do programa visitas mediadas, experiências poéticas e o programa de relacionamento com escolas parceiras. Visitas mediadas com o MAM Educativo são conversas nas quais é estimulada a reflexão crítica por meio da arte e experiências poéticas, que aproximam o público do museu de vivências e processos artísticos. Agendamentos de grupos para visitas na exposição Jardim do MAM no Sesc são realizados pelo e-mail educativo@mam.org.br.
A programação traz ainda atividades que fazem parte da Semana Nacional de Museus – iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio) e que, em 2025, acontece de 12 a 18 de maio sob o tema “O Futuro dos Museus em Comunidades em Rápida Transformação” – e da Semana Mundial do Brincar – ação promovida pela Aliança pela Infância que convida a sociedade a valorizar o brincar e a importância da infância e que, em 2025, terá como tema “Proteger o Encantamento das Infâncias” e ocorrerá de 24 de maio a 1 de junho.
Serviço
Exposição | Jardim do MAM no Sesc
De 14 de maio a 31 de agosto
Terça a sexta, das 7h às 21h30, aos sábados, das 10h às 20h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h
Período
14 de maio de 2025 07:00 - 31 de agosto de 2025 21:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana – São Paulo - SP
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A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Desde sempre o mar, exposição individual da artista Mariana Rocha no prédio 17 d’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. Inspirada pela vastidão marítima
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A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Desde sempre o mar, exposição individual da artista Mariana Rocha no prédio 17 d’A Gentil Carioca Rio de Janeiro. Inspirada pela vastidão marítima e pelos mistérios da vida microscópica, Rocha mergulha em um universo onde as fronteiras entre ciência, mito e arte se dissolvem. A mostra reúne pinturas inéditas que transitam entre figuração e abstração, evocando formas orgânicas como raízes, cílios, braços e membranas — elementos que se desdobram como símbolos da origem e da continuidade da vida.
Nas palavras do historiador da arte e curador Renato Menezes, que assina o texto de apresentação da mostra, “Mariana Rocha trapaceia a escala e, assim, a própria pintura parece se tornar, para a artista, um meio de reequacionar os mínimos essenciais da vida. Partícula e todo, célula e organismo, gota e oceano renegociam suas ordens de grandeza bem diante de nossos olhos. Não é por acaso que sua pesquisa se volta para o mar: foi lá, nessa vastidão imensa e profunda, que as mais simples formas de vida começaram a aparecer. Mas, como sempre, o mínimo é também o máximo: barroca, dramática, misteriosa e vibrante, sua pintura metaboliza o mundo, para ver, de sua parte mais íntima, obscura, o que de mais superficial ele pode revelar.”
Serviço
Exposição | Desde sempre o mar
De 24 de maio a 09 de agosto
Segunda a sexta, das 12h às 18h
Sábado, das 12h às 16h (com agendamento prévio)
Período
24 de maio de 2025 12:00 - 9 de agosto de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lédo, 17 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-020
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Porto Alegre respira arte com seu mais importante festival. A 14ª Bienal do Mercosul ocupa espaços e ruas e ganha novos ares, imagens e texturas no Centro Histórico com
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Porto Alegre respira arte com seu mais importante festival. A 14ª Bienal do Mercosul ocupa espaços e ruas e ganha novos ares, imagens e texturas no Centro Histórico com a inauguração da exposição “Poéticas do Fio – Tramas Nossas” neste sábado, 24 de maio, das 14h às 16h30 na Galeria Duque. A mostra integra o Projeto “Portas para a Arte” da Bienal, que também ocupa a Rua Duque de Caxias em frente à galeria com a instalação “A Arte Conecta”. A curadoria é de Daisy Viola e a exposição fica no espaço até o dia 12 de julho. Entrada franca.
A Galeria Duque ainda oferece uma imersão nas obras de grandes mestres do Brasil com um dos mais completos acervos do Estado. Na mostra “Poéticas Daqui” é possível conferir produções de nomes como Iberê Camargo, Carlos Scliar, Carlos Vergara, Di Cavalcanti, Leopoldo Gotuzzo, Danúbio Gonçalves, Cândido Portinari, Siron Franco, Burle Marx, Anita Malfatti, Ruth Schneider, Maria Lídia Magliani, Frans Krajcberg, Alice Soares, Márcia Marostega, Nelson Jungbluth, Tarsila do Amaral, Gelson Radaelli, Antonio Bandeira, Oscar Crusius, Fernando Baril, Glênio Bianchetti, Glauco Rodrigues, João Luiz Roth, Ione Saldanha, entre outros.
A mostra “Poéticas do Fio – Tramas Nossas” apresenta produções de quatro artistas que utilizam fios e/ou tecidos como suporte ou meio de expressão para sua atividade: Daisy Viola, Fernando da Luz, Fernando Lima e Rosane Morais. “A utilização do fio e do tecido no fazer artístico dialoga com questões sociais e culturais a partir da escolha de materiais e técnicas, como costura, bordado, crochê ou tricô, que fazem parte da história de vida de muitos de nós, das memórias, principalmente femininas, das nossas avós e mães. Assim, o uso de técnicas da artesania tradicional acaba sendo um ponto de encontro entre a tradição e a contemporaneidade”, explica a curadora Daisy Viola.
Já quem passar pela Rua Duque de Caxias vai ter um outro tipo de contato com a arte, mas que também envolve fios e tramas. É a instalação “Arte Conecta”, produzida pelos artistas Roberto Freitas, Adriana Leiria e Ronaldo Mohr. A obra levou dois meses para ser montada e expõe 50 metros de material reciclado, incluindo itens como estofarias e PET, em uma manifestação artística que liga à Galeria Duque ao outro lado da rua e que comprova que a arte é democrática e pode estar presente nos mais diversos espaços.
Serviço
Exposição | Poéticas Daqui
De 24 de maio a 12 de julho
Segunda a sexta, das 10h às 18h, sábados, das 10h às 17h
Período
28 de maio de 2025 10:30 - 4 de agosto de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Duque
Duque de Caxias, 649 – Porto Alegre - RS
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A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Sangue Azul”, com novos e inéditos trabalhos de Marcos Chaves. As obras são resultado
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A Nara Roesler São Paulo tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Sangue Azul”, com novos e inéditos trabalhos de Marcos Chaves. As obras são resultado de uma pesquisa iniciada em 2013, em que o artista imprimiu em tapetes fotografias que fez de tecidos variados da Coleção Eva Klabin, dentro do 17º Projeto Respiração, na Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro. Na grande sala de pé direito duplo, no lado esquerdo da galeria Nara Roesler, Marcos Chaves vai criar um ambiente imersivo com baixa iluminação, e foco nos tapetes pendurados nas paredes, todos produzidos em 2025. As dimensões das obras variam de 200 x 266 cm a 150 x 112,5 cm. Cobrindo todo o chão estará um carpete de 5,90 m x 8,39m, versão em grande escala de uma fotografia de 2013, feita de um veludo da Coleção Eva Klabin. Os tapetes nas paredes, em tons de vermelho, reproduzem as fotografias feitas pelo artista do chão acarpetado de locais históricos europeus, como o Palazzo Doria Pamphilj, construído em Roma, no século 16; a escadaria que leva ao único trono existente de Napoleão Bonaparte (1769-1821), no Castelo de Fontainebleau, na França, residência dos reis franceses, e que data dos primórdios do século 12; e a Ópera Garnier, projetada durante o reinado de Napoleão III (1808-1873), o décimo-terceiro palácio a abrigar a Ópera de Paris, fundada por Luís XIV.
“Gosto muito da ideia de degradê, da cor que vai sumindo, e de seu significado em francês também de degradado, coisa gasta, decadente. Com o uso ao longo do tempo, é possível ver nesses tapetes europeus suas várias camadas, em que a trama sobressai e forma um grid. Também ficam visíveis marcas do peso sobre o chão em que o tapete está colocado, formando baixos-relevos. Essa ideia de coisa gasta e a geometria que surge são o que gosto nesse trabalho, que acaba por quase ser uma homenagem à pintura, como se eu estivesse pintando com a fotografia e o pelo do tapete”, conta Marcos Chaves. Alguns trabalhos criam uma perspectiva “ao contrário”, como o que traz os degraus para o trono de Napoleão, e que estará na fachada da galeria, na vitrine.
“OUR LOVE WILL GROW VASTER THAN EMPIRES”
Na primeira sala da exposição, Marcos Chaves vai mostrar três objetos, também na cor vermelha. O primeiro é “Our Love Will grow vaster than empires” (2025), verso do poeta inglês Andrew Marvell (1621–1678) inscrito em um pedaço de veludo e fincado na parede por um canivete suíço. A obra é derivada de um trabalho de 1991, “MessAge”, com canivete e plástico. Os dois outros trabalhos são “readymade”, de 1992 – a bolsa “Jaws”, descoberta por Marcos Chaves emuma feira tipo “mercado de pulgas”, e “Sem título”, um par de sapatos de salto alto encontrado na rua, em uma áreafrequentada por travestis.
O texto crítico é de Ginevra Bria,curadora com vinte anos de trajetória, dedicada a examinar as artes moderna e contemporânea no Brasil. Ela é professora-assistente na Unicamp, onde finaliza sua dissertação iniciada há seis anos para seu PhD em História da Arte na Rice University, em Houston, EUA – “The NoncolorofIndigeneity. Na Art History of Scientific Racism in Brazil, 1865-1935”.Em seu texto sobre a exposição de Marcos Chaves na Nara Roesler São Paulo ela enfatiza: “Em total admiração pela prática da pintura, que Chaves nunca abordou e formalizou, ‘Sangue Azul’ entrelaça fotografias, instalações e esculturas”. “Mas, como eixo expositivo, a fotografia toma emprestado os títulos das obras às contradições de supremacia da nobreza, da política e das uniões de razão de ser históricas (citando espaços de poder como Fontainebleau, Pamphilij e Garnier”. GinevraBria destaca ainda que “neste projeto, entre o lento apagamento das dimensões verticais e horizontais, cada elemento representado, ou ampliado, é hipostasiado num movimento temporal, enquanto a nobre dinâmica dos vermelhos é intemporal. E enobrecida”.
Serviço
Exposição | Sangue Azul
De 07 de junho a 16 de agosto
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
7 de junho de 2025 10:00 - 16 de agosto de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Nara Roesler - SP
Avenida Europa, 655, São Paulo - SP
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A Galeria Vermelho apresenta Vai que dá zebra, nova exposição individual do JAMAC. A mostra ocupa a fachada, a banca e os dois andares da galeria com duas séries
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A Galeria Vermelho apresenta Vai que dá zebra, nova exposição individual do JAMAC. A mostra ocupa a fachada, a banca e os dois andares da galeria com duas séries inéditas. A produção retoma e reafirma o uso do estêncil na produção das pinturas do coletivo. A técnica está na raiz do trabalho do JAMAC, que a usa na capacitação de pessoas no bairro da Zona Sul de São Paulo e em suas produções colaborativas para exposições institucionais como Blooming Brasil-Japão, que ocorreu no Toyota Municipal Museum of Art, no Japão, em 2008; e na Ocupação de seis meses que o coletivo fez no Pavilhão das Culturas Brasileiras, em 2011 – para citar alguns. Em Vai que dá zebra, as pinturas são produzidas a partir da combinação do estêncil com a serigrafia.
A série Escuta propõe um inventário de convivências por meio de pinturas que sobrepõem imagens de cadeiras com significado para o coletivo. Cada composição sugere modos de estar junto — registos de encontros cotidianos e possibilidades de novas escutas.
Aposta cruza arte, cultura popular e jogo. A série reúne pinturas feitas a partir dos 25 animais do jogo do bicho e convida colecionadores a participar de um jogo com uma das obras – a única que reúne todos os bichos. Essa pintura será sorteada entre os compradores de uma das pinturas que funcionam como bilhetes para o jogo. Ao adotar a lógica da aposta, o JAMAC discute valor, risco e mercado, tendo a zebra — o resultado improvável — como símbolo central de incerteza e reinvenção.
É ela quem ocupa a fachada, marcando o ponto onde a aposta falha — ou começa de novo.
A Ocupação JAMAC, na Banca da Vermelho continua ativa, agora também com itens relacionados à exposição.
JAMAC: Vai que dá zebra
Vai que dá zebra parte da presença e do imprevisto que organizam ideias, espaços, imagens. Quando um conjunto de cadeiras se torna espaço de escuta, o jogo vira gesto artístico e o risco deixa de ser desvio para se tornar método. Apostas e dúvidas, imagens e presenças conformam arranjos provisórios, como quem se senta para desenhar sem saber o que vai sair. Neste espaço o acaso não atrapalha, é ele o disparador do processo.”
É assim que Bruno o., um dos integrantes do Jardim Miriam Arte Clube (JAMAC), aproxima as duas séries que o coletivo da Zona Sul de São Paulo apresenta em sua nova individual na Vermelho. Aparentemente opostas, elas se unem pela abordagem da aposta — tanto como gesto artístico quanto como dimensão social. De um lado, o jogo de azar e o sonho da ascensão pela sorte; de outro, a permanência de um trabalho coletivo que entrelaça arte, educação e ativismo.
O uso do estêncil — técnica fundadora do coletivo — é reafirmado nas pinturas da exposição, em diálogo com a serigrafia, reforçando a dimensão gráfica e colaborativa da produção do JAMAC.
Em Escuta, um inventário de cadeiras é transformado em pinturas. Esses assentos, recorrentes nas vivências do coletivo — oficinas, rodas de conversa, encontros —, carregam significados simbólicos e afetivos. Desenhos de seis cadeiras diferentes foram recortados em estênceis e gravadas em telas serigráficas. As composições que entrelaçam esses ícones, sugerem modos de estar junto, de escutar e de esperar, e convidam à reflexão sobre os gestos e relações que sustentam a vida em comum e a ocupação dos espaços.
Já Aposta explora o cruzamento entre arte, cultura popular e mercado, a partir das imagens dos 25 animais do Jogo do Bicho. Impressas sobre tecido, em padrões que também combinam estêncil e serigrafia, essas figuras remetem à lógica da incerteza, aproximando o fazer artístico do risco do jogo. A zebra — animal ausente da cartela oficial — simboliza o imprevisto e se torna elo entre o azar e a instabilidade do próprio sistema da arte.
A série inclui pinturas com um ou mais animais do jogo, além de uma colcha que reúne todos os 25 bichos — essa, não à venda, será sorteada entre quem adquirir uma de outras 100 pequenas obras disponíveis que se desdobram em quatro versões para cada um dos 25 animais. Assim como no jogo, em que cada bicho corresponde a quatro números, aqui a chance de sorteio aumenta conforme o número de aquisições.
Aposta é a convergência entre jogo e arte. Ambos envolvem riscos pessoais — do jogador e do artista — e contam com a imprevisibilidade, representada pela zebra. Embora ausente da cartela, ela simboliza o inesperado. “Dar zebra” vem do Jogo do Bicho e expressa exatamente isso: o resultado que escapa ao controle. Com esse 26º bicho, o JAMAC propõe uma reflexão sobre o fracasso e a surpresa como parte do processo criativo.
A zebra torna-se ícone da exposição e ocupa a fachada da galeria como símbolo central de incerteza e reinvenção.
Cada animal foi desenhado por um colaborador convidado — de funcionários da galeria a pessoas próximas ao JAMAC. Essa prática é um dos fundamentos do coletivo: quando participa de exposições, o grupo realiza oficinas com comunidades do entorno, das quais surgem desenhos que se tornam estênceis usados nas obras apresentadas.
Ao transformar o risco em método, Vai que dá zebra reafirma a centralidade da experimentação coletiva na prática do JAMAC. A exposição articula técnica e política para propor formas de convivência sustentadas na participação e na incerteza — estratégias que atravessam tanto os processos de criação quanto os modos de atuação do grupo.
Serviço
Exposição | Vai que dá zebra
De 19 de julho a 23 de agosto
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 17h
Período
19 de julho de 2025 10:00 - 23 de agosto de 2025 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP
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A exposição CORpo MANIFESTO reúne 113 obras que atravessam diversas linguagens artísticas, como fotoperformance, escultura, pintura, instalação e vídeo. Cada obra compõe um panorama da
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A exposição CORpo MANIFESTO reúne 113 obras que atravessam diversas linguagens artísticas, como fotoperformance, escultura, pintura, instalação e vídeo.
Cada obra compõe um panorama da produção do artista visual Sérgio Adriano H ao longo de sua carreira, com destaque para 33 inéditas.
As obras não apenas documentam o corpo como manifestação política e social, mas também questionam as narrativas históricas sobre a negritude e a identidade negra no Brasil.
Através de uma linguagem poética e visualmente impactante, o artista usa o corpo como ferramenta de denúncia e reflexão, criando uma conexão profunda entre passado e presente.
Serviço
Exposição | CORpo Manifesto
De 23 de julho a 15 de setembro
De quarta a segunda, 9h às 20h
Período
23 de julho de 2025 09:00 - 15 de setembro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
CCBB RJ
R. Primeiro de Março, 66 - Centro Rio de Janeiro - RJ
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O IMS Paulista abre a mostra Paiter Suruí, Gente de Verdade: um projeto do Coletivo Lakapoy. A exposição apresenta um acervo inédito de fotografias familiares tiradas majoritariamente pelo povo indigena Paiter Suruí, reunidas e digitalizadas pelo Coletivo Lakapoy. Esse acervo inclui cenas e retratos tirados desde a década de 1970, quando as câmeras chegaram ao território pelas mãos de missionários, mas passaram a ser utilizadas pela população local para registrar seu dia a dia. Além do acervo histórico, a exposição apresenta fotos e vídeos atuais, reforçando o papel da fotografia como importante ferramenta de afirmação dos direitos indígenas.
As imagens do acervo histórico estavam armazenadas nas casas das famílias, guardadas em álbuns, caixas e estantes das diferentes aldeias do território indígena, localizado entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Para preservá-las, o Coletivo Lakapoy – grupo formado por comunicadores indígenas, com o apoio de não indígenas, com o objetivo de fortalecer a cultura Paiter Suruí – reuniu, catalogou e digitalizou as fotografias. Em 2021, o projeto foi publicado na revista ZUM e, em 2023, selecionado pela Bolsa ZUM/IMS, de fomento à produção artística. O resultado dessa pesquisa agora se desdobra nesta exposição, que ocupa o 6º andar do IMS Paulista, com entrada gratuita. (Saiba mais sobre o Coletivo Lakapoy no serviço.)
A mostra tem curadoria da líder e ativista Txai Suruí, que integra o Coletivo Lakapoy, da arquiteta, pesquisadora e curadora Lahayda Mamani Poma e de Thyago Nogueira, coordenador da área de Arte Contemporânea do IMS, além de supervisão do cacique-geral Almir Narayamoga Suruí, nome fundamental da história da luta indígena no Brasil. No sábado (26/7), às 11h, os curadores participam de uma conversa com Almir Suruí e Ubiratan Suruí, do Coletivo Lakapoy, no cinema do IMS Paulista. No domingo (27/7), às 15h, um grupo de anciãos do povo Paiter Suruí conduz uma atividade sobre os cantos tradicionais da sua cultura. Os eventos são gratuitos e abertos ao público.
Na exposição, o público encontra reproduções de cerca de 800 fotografias analógicas, da década de 1970 até 2000, que documentam o dia a dia do território, registrando aniversários, casamentos, batizados e competições esportivas, mas também os desafios decorrentes dos contatos com os não indígenas. Este acervo histórico ocupa todas as paredes da exposição, transformando-as em um grande álbum de família, composto de registros informais e pessoais.A mostra apresenta ainda cerca de 20 retratos recentes do povo Paiter Suruí tirados em maioria por Ubiratan Suruí, primeiro fotógrafo profissional do povo e integrante do Coletivo Lakapoy, além de depoimentos e vídeos dos influencers Oyorekoe Luciano Suruí e Samily Paiter. A exposição também apresenta redes, cestos e colares produzidos pelas artesãs do território, valorizando o conhecimento ancestral e artístico das mulheres Paiter Suruí.
Contatados oficialmente pela Funai em 1969, os Paiter Suruí resistiram a invasões, doenças e à omissão governamental até obterem, em 1983, a homologação da Terra Indígena Sete de Setembro, localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Hoje, são aproximadamente 2.000 pessoas, distribuídas em mais de 30 aldeias. Com um modo de vida integrado à floresta amazônica, mas também profundamente transformado desde o contato com a sociedade não indígena, os Paiter Suruí seguem lutando para garantir sua soberania e a integridade de seu território, ameaçado pelo garimpo, pela pecuária e pelo extrativismo predatório. A fotografia e as redes sociais, entre outras ferramentas tecnológicas, foram apropriadas pela juventude como formas de difundir sua cultura, denunciar invasões e fortalecer a resistência.
Txai Suruí comenta a exposição e a importância de preservar essa memória: “A vontade de guardar, registrar e contar a história do povo Paiter Suruí é um sonho que agora se realiza, antes de os últimos anciãos nos deixarem, antes de essa história se ocultar de vez em algum canto esquecido do tempo, na memória dos que viveram essa saga. […] Com as câmeras nas mãos, vemos um olhar diferente daqueles que vieram de fora, podemos notar a espontaneidade e naturalidade de quem tira fotos para um álbum de família. São imagens cheias de amor, carinho e afetividade, mas também de conhecimento, de amor à humanidade e à natureza, de orgulho de pertencer ao povo Paiter Suruí.”
A maioria das pessoas retratadas nas imagens foram identificadas e contatadas, autorizando a reprodução das fotos, num movimento de propor novas lógicas de construir, guardar e expor acervos indígenas, como pontua a curadora Lahayda Mamani Poma: “De modo geral, o contato entre instituições de arte e culturas originárias abre não apenas para conhecimento de novas produções e linguagens artísticas, mas para a reflexão sobre modos de fazer museologia”.
O curador Thyago Nogueira também ressalta que o acervo é um “documento inédito da história Paiter Suruí, muito diferente das imagens oficiais e etnográficas produzidas sobre os povos indígenas brasileiros”. Segundo o curador do IMS, “montar um acervo visual de um povo é uma forma de refazer laços e dinamizar a própria cultura, criando pontes entre as novas e velhas gerações. É também uma forma de mostrar que as fotografias atuam como ferramenta de resistência e afirmação − uma estratégia que pode interessar a outros povos indígenas e grupos minorizados ou excluídos de sua própria história”.
Essa lógica aparece nas legendas da exposição, elaboradas coletivamente pelos Paiter Suruí, com coordenação de Ubiratan Suruí (ver exemplo abaixo). Essa opção reforça o trabalho coletivo, em contraponto à ideia de autoria individual, já que é frequentemente difícil determinar quem bateu cada foto, pois a câmera circulava entre várias mãos. Outro aspecto importante é a presença de intervenções manuais nas fotografias. Rasuras, desenhos e anotações mostram que estas fotografias são fragmentos de memória vivos, e não apenas documentos do passado.
Ubiratan Suruí, integrante do Coletivo Lakapoy, comenta o processo de construção deste acervo: “Essas fotos foram coletadas nas casas de vários Paiter. Quando muitas delas foram feitas, eu era apenas uma criança. Assim, para entender melhor o que estava vendo e o porquê de cada registro, passamos a ir atrás dos personagens ou seus familiares. Às vezes, a fotografia era brincadeira de criança ou até um disparo acidental de alguém que não estava tão acostumado com a câmera. Mas, como a máquina era analógica, com a limitação dos filmes, a maioria dos cliques era de momentos realmente importantes.” Segundo o fotógrafo, o “acervo catalogado já passou das centenas de registros, e cada um deles traz outra centena de narrativas. Quando um álbum novo é encontrado na aldeia, vários parentes se sentam em volta dele para trocar relatos e lembrar do passado.”
Ubiratan é o autor de parte das fotos contemporâneas exibidas na mostra, tiradas a partir de 2024. As imagens mostram o cotidiano atual das aldeias do território Paiter Suruí, marcadas tanto por costumes tradicionais quanto por novas sociabilidades e pelo uso das tecnologias. A exposição traz também vídeos de entrevistas com lideranças e integrantes da comunidade, como Almir Narayamoga Suruí. Nos depoimentos, as pessoas falam da importância do acervo e comentam temas como política, espiritualidade e alimentação.
Outro destaque, feito especialmente para a exposição, é uma projeção audiovisual que documenta o contato de anciãos do território com as imagens históricas do fotógrafo Jesco von Puttkamer. Jesco participou do contato da Funai com os Paiter Suruí na virada dos anos 1960 para os 1970, e, ao longo da vida, reuniu um dos acervos audiovisuais indígenas mais importantes do país, depositado no IGPA da PUC Goiás. A maioria dos Paiter Suruí, no entanto, nunca havia visto as imagens, que retornaram ao território pela primeira vez depois de uma colaboração entre o Coletivo Lakapoy e o IGPA da PUC Goiás.
Em cartaz até 2 de novembro, a exposição apresenta ao público um conjunto inédito de imagens de grande importância histórica e política. Trata-se de um acervo em expansão, que, em 2026, também será exposto no próprio Território Sete de Setembro.
Serviço
Exposição | Paiter Suruí, Gente de Verdade
De 26 julho a 2 novembro
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).
Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.
Período
26 de julho de 2025 10:00 - 2 de novembro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
IMS - Instituto Moreira Salles
Avenida Paulista, 2424 São Paulo - SP