Exposição "Os Artivistas: Carlos Scliar e Cildo Meireles"
Detalhes
Para marcar os 20 anos da Casa Museu Carlos Scliar, foi inaugurada a exposição “Os Artivistas: Carlos Scliar e Cildo Meireles”, que une, pela primeira vez, a obra desses dois
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Para marcar os 20 anos da Casa Museu Carlos Scliar, foi inaugurada a exposição “Os Artivistas: Carlos Scliar e Cildo Meireles”, que une, pela primeira vez, a obra desses dois importantes artistas. “O Scliar foi fundamental na minha vida”, afirma Cildo Meireles sobre o amigo falecido em 2001. Com curadoria de Cristina Ventura, coordenadora da casa museu, serão apresentadas cerca de trinta obras, sendo algumas inéditas, que cobrem um período que vai desde a década de 1940 até 2021. Completam a mostra obras participativas, inspiradas nos trabalhos dos dois artistas. A exposição, que terá entrada gratuita até o final do mês de agosto, é apresentada pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através da Lei Paulo Gustavo.
“A ideia é provocar no espectador um convite á reflexão, instigada pela atualidade das questões tratadas pelos artistas em suas obras. Temas como: crimes de estado, meio ambiente, guerra, valor monetário, entre outros. Nosso propósito é que a pessoa pense sobre o seu papel no mundo de hoje”, diz a curadora Cristina Ventura.
As obras de Cildo Meireles e Carlos Scliar serão expostas juntas, como uma grande instalação, sem seguir uma ordem cronológica. São pinturas, desenhos, colagens, estudos, gravuras, objetos e vídeos. De Cildo, estarão as notas “Zero Dólar” (1984) e “Zero Cruzeiro” (1978), a instalação sonora “Rio Oir” (2011), o vídeo “15 segundos” (2021), em homenagem a Marielle Franco, entre outras obras. De Scliar, destacam-se os desenhos “Levante do Gueto de Varsóvia” (1957) e SOS (1989), além de desenhos e estudos, alguns inéditos, que tratam de temas como a cultura afro-brasileira e o holocausto. “Sou um grande admirador dos desenhos do Scliar, acho que ele era um desenhista dos mais talentosos do Brasil, verdadeiramente sensível”, afirma Cildo Meireles.
Na mostra, estará, ainda, a matriz da capa da Revista Horizonte, feita por Scliar em 1952, onde se lê: “Assine Apelo Paz”. “A Segunda Guerra Mundial o marcou muito, Scliar foi pracinha, atuou como cabo de artilharia. No período pós-guerra participa ativamente de movimentos a exemplo o Congresso pela paz ocorrido na antiga Tchecoslováquia, a mensagem trazida na obra é fundamental”, diz a curadora. Uma reprodução tátil desta matriz fará parte da exposição para que o visitante possa manuseá-la. Também estará na exposição um texto inédito do artista, da década de 1980, narrado pela cantora e compositora Marina Lima. No documento, Scliar expressa sua indignação e cansaço diante da nossa construção histórica. A artista cresceu vendo obras de Scliar, colecionadas por seu pai, segundo Marina, “uma imagem afetiva que nunca esqueço”. A gravação foi feita especialmente para a exposição.
Com trajetórias diversas, Carlos Scliar e Cildo Meireles se conheceram em 1966. “A partir do nosso primeiro encontro, onde mostrei meus desenhos, ele se interessou em mostrar esses trabalhos para alguns colecionadores e a partir daí praticamente me financiou. Sempre foi uma pessoa de uma generosidade muito grande, não só no meu caso, mas também com outros artistas jovens que estavam iniciando. Ele era uma pessoa de um entusiasmo intrínseco, estava sempre incentivando, sempre apoiando”, conta Cildo Meireles. Os dois foram muito amigos durante toda a vida e, em diversos momentos, tratam de questões similares em seus trabalhos, como no período da ditadura militar. Outras questões também convergem na produção dos dois: a icônica obra “Zero Dólar”, de Cildo Meireles, traz a imagem do Tio Sam, personagem que aparece sobrevoando a Amazônia com asas pretas, como se fosse um urubu, na obra SOS, de Carlos Scliar.
Serviço
Exposição | Os Artivistas: Carlos Scliar e Cildo Meireles
De 29 de junho a 01 de junho de 2025
Terça a sexta das 14h30 às 18h. Sábados das 15h30 às 19h
Período
29 de junho de 2024 14:30 - 1 de junho de 2025 18:00(GMT-03:00)
Local
Casa Museu Carlos Scliar
Rua Marechal Floriano (Orla Scliar), 253 – Cabo Frio - RJ