"Atirador de arco" (1925) de Vicente do Rego Monteiro. Foto: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães.
"Atirador de arco" (1925) de Vicente do Rego Monteiro. Foto: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães.

Conexão: Ontem, Hoje e Amanhã é a nova série de lives promovida pela Almeida e Dale Galeria de Arte com início nesta terça-feira, 15 de setembro, às 19h. A galeria organiza três encontros, o primeiro com Raúl Córdula, que falará sobre Vicente do Rego Monteiro; partindo para uma conversa com João Câmara; e terminando com a Usina de Arte de Água Preta (Pernambuco) em foco, em um bate-papo com Ricardo Pessoa de Queiroz. O projeto da Almeida e Dale visa refletir sobre a arte que existe fora do eixo Rio-São Paulo. O seu subtítulo é Ontem, Hoje e Amanhã, pois sempre é apresentado um artista moderno, um contemporâneo, com carreira reconhecida, e um artista ou proposta nova, que mira o futuro. Pensada a partir dos estados brasileiros, esta edição da série traz convidados atuantes em Pernambuco.

Raul Córdula reside em Olinda há 45 anos. Artista visual, participa dos movimentos artísticos locais, de instituições como a Oficina Guaianases de Gravura, e do Conselho de Cultura da Cidade do Recife. Em Conexão, ele comenta a obra de Vicente do Rego Monteiro (1899-1970). Monteiro viveu entre Recife e Paris; seu trabalho teve participação na Semana de Arte Moderna de 1922, embora o artista já estivesse na França. Lá integrou-se ao circuito de arte parisiense e fez parte da Galerie L’Effort Moderne. Como poeta, recebeu o prêmio Apollinaire. Sua obra mescla o Art Déco à arte indígena, com um resultado monumental.

"Atirador de arco" (1925) de Vicente do Rego Monteiro. Foto: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães.
“Atirador de arco” (1925) de Vicente do Rego Monteiro. Foto: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães.

A arte de João Câmara – também residente de Olinda – alcançou projeção nacional na década de 1980 e está presente em importantes coleções particulares e de instituições nacionais. Através de metáforas e de fina ironia o artista questiona o poder e as relações sociais e, através de diálogos entre a história política brasileira, arte e mitologia, cria obras impactantes, com uma visão crítica da nossa sociedade. Na última retrospectiva de Câmara, no Museu Afro, o crítico e curador Tadeu Chiarelli escreveu para sua coluna: “A obra de João continua incomodando a muitos? É claro que sim. Parece que para alguns, uma produção que insiste na pintura e, ainda por cima, numa pintura com ‘temas’ políticos e existenciais – em pleno século XXI! – deva ser banida do universo da ‘grande’ arte brasileira contemporânea. Ledo engano. Gostemos ou não, esse tipo de pintura parece voltar com força, e com o rancor daqueles que foram recalcados por décadas. É neste sentido que a obra de Câmara pode servir como um forte antídoto aos enganos do recalque, pois mostra que a arte não é apenas aquilo que se vê, é um pouco mais” (leia o texto de Chiarelli neste link).

"A parte da terra", por Lais Myhrra. Foto: Divulgação.
“A parte da terra”, por Lais Myhrra, na Usina de Arte. Foto: Divulgação Usina de Arte.

Por fim, a Usina de Arte finaliza as discussões sendo apresentada pelos diretores Bruna e Ricardo Pessoa de Queiroz. A Usina é um projeto artístico-cultural e sócio-ambiental localizado no município de Água Preta, a 130km do Recife, no terreno da antiga usina de açúcar Santa Therezinha. A iniciativa vem transformando a vida da população vizinha e já rendeu uma rádio comunitária, uma escola de música, uma biblioteca e festivais culturais anuais. A área externa é um jardim botânico com mais de 20 obras de artistas, entre eles: Lais Myhrra, José Spaniol, Paulo Meira, Flávio Cerqueira, Saint Clair Cemin, Frida Baranek e Arthur Lescher.

 


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