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Vista da mostra “Haegue Yang, quase coloquial”





            vizinhanças e afetos mais intangíveis, com toques de   um trabalho que, na opinião do diretor da Pinacoteca,
            memória e conexões do campo afetivo, como o majes- Jochen Volz, ecoam também na produção nacional,
            toso painel de autoria de Emanoel Araújo, morto ano   como o uso de materiais industrialmente produzidos ou
            passado, que foi responsável pela modernização e   o deslocamento de significados. “É importante mexer
            renovação da instituição na década de 1990, e dos   um pouco nas nossas referências”, afirma.
            primeiros a sonhar com sua expansão para além dos   A inauguração do novo prédio permitirá, além de dar
            limites de sua sede, incorporando outros espaços no   maior ênfase às manifestações públicas e colocar em
            entorno. Ambição que seguiu acompanhando vários   destaque o acervo próprio do museu, reafirmar um dos
            dos diretores subsequentes, como Ivo Mesquita e   focos de atenção da gestão de Volz: a necessidade de
            Tadeu Chiarelli, até tornar-se viável com a desativação   repensar atentamente sua programação. “Temos que
            e transferência da escola para o museu.          pensar qual história da arte a gente quer contar e qual a
               Além da grande e versátil sala subterrânea, que   gente não contou recentemente”, explica ele, lembrando
            depois de Chão da Praça receberá uma mostra da artista   que até dez anos atrás as mostras que chegavam até
            multimídia chinesa Cao Fei, um segundo espaço expo- nós eram, quase exclusivamente, de homens brancos
            sitivo foi instalado nas antigas salas da Escola Prudente   europeus. Pensar a arte internacional e a produção
            de Morais. Ambiente menor, mais intimista, e mantendo   nacional em sintonia e abrir espaço para poéticas que
            remissões à arquitetura do passado (com a preserva- ainda não encontram espaço igualitário nos museus está
            ção de delicadas divisórias em ferro trabalhado, que   entre as balizas que nortearão as ações da instituição,
            datam da época do primeiro projeto, concebido ainda   que já prepara uma agenda intensa e diversa para seus
            no século 19 por Ramos de Azevedo), abriga agora uma   três espaços, com nomes que vão de Chico da Silva
            série de obras da sul-coreana Haegue Yang. A artista,  e Denilson Baniwa (já em cartaz na Pina Luz) a Sônia
            que já esteve na 27ª Bienal de São Paulo, apresenta   Gomes e Marta Minujín, programadas para 2024.

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