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Vista de “Chão da praça” com obras de Sidney Amaral, Claudio Tozzi e Rosana Paulino
unidades, a sede da Luz e o espaço da Estação Pinaco- trabalho composto por 1500 patuás, confeccionados
teca, cujas plantas mais antigas são mais fragmentadas um a um pela artista, e que compõem um potente painel
e com várias subdivisões internas. Com uma área de sobre a força, tradição e poesia da negritude no país.
mil metros quadrados, essa grande galeria permitiu Sinalizando o interesse em promover uma costura cada
exibir simultaneamente um conjunto importante de vez maior entre exterior e interior, a mostra também
trabalhos que entraram nas últimas décadas no acervo trouxe para dentro do espaço museológico uma das
e que – por sua dimensão ou complexidade – acabaram esculturas que a Pinacoteca mantém no Parque da Luz,
sendo pouco mostrados. Como um grande encontro, o grande colar de contas agigantadas de cerâmicas,
mescla-se na exposição inaugural, intitulada Chão da feito especialmente por Lygia Reinach para este projeto
Praça, um conjunto bastante diverso de poéticas, téc- de esculturas ao ar livre.
nicas e experimentações, reafirmando o caráter díspar Dentre as muitas camadas trabalhadas pela mostra,
e experimental da produção contemporânea. cuja curadoria é assinada por Ana Maria Maia e Yuri
Está sendo exibida pela primeira vez, por exemplo, Quevedo, destaca-se a dimensão do afeto e das rela-
a instalação Ttéia, uma obra maior de Lygia Pape. A ções entre artistas e o museu. De forma mais explicita
versão que a Pinacoteca possui é diferente daquela mais temos a vizinhança da instituição servindo de tema para
conhecida, em exposição em Inhotim, e foi agregada trabalhos ali representados, como na série fotográfica
ao acervo junto com o comodato da Coleção Roger de Cristiano Mascaro, na aquarela de Djanira feita no
Wright. Outra obra importante do acervo, que já conta Parque da Luz, ou ainda nas imagens que Hudinilson fez
com cerca de 11 mil obras entre históricas e contempo- do próprio corpo quando foi laboratorista e operador
râneas, é Parede da Memória, de Rosana Paulino, um da máquina de xerox da instituição. Mas há também
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