Page 9 - ARTE!Brasileiros #61
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enCerramos 2022 Com a esperança de termos um Brasil mais plural. Um Brasil que exija
cuidados com a saúde, educação e cultura, onde cada um seja um pouco responsável por seu E GENTILEZA 61
papel como cidadão.
A arte!brasileiros, que completa 12 anos, trabalhou na pandemia e depois para comunicar a
maior quantidade de iniciativas que ocorreram no mundo da arte contemporânea e os esforços
que instituições públicas e público-privadas fizeram para não desmontar equipes e projetos. Foi FERTILIDADE
atrás de exposições em museus, galerias, espaços alternativos e se transformou, nos últimos
por patriCia rousseaux, dirEtora Editorial CARTA DA EDITORA
tempos, no principal canal de divulgação de mídia segmentada, focada na arte como produtora
de uma das mais ricas sínteses de linguagem do indivíduo contemporâneo.
Se concordarmos com as afirmações contidas em A salvação do belo, do filósofo coreano
Byung-Chul Han, que cresceu e desenvolveu toda sua literatura na Alemanha, e com sua denúncia POLÍTICA CULTURAL 50 xingu: Contatos
de que vivemos numa sociedade cada vez mais propensa à suposta leveza do “liso” – até o próprio 34 Ceará Em cartaz no IMS Paulista,
Jeff Koons, provavelmente o artista mais vendido da atualidade, a valores inconfessáveis, afirma Estado inaugura novos exposição contrapõe
que a única reação que espera dos observadores de suas obras é apenas um “uau” – nosso papel equipamentos em documentários históricos
se torna cada vez mais importante (leia-se mais difícil e solitário). “Um juízo estético pressupõe Fortaleza e no Cariri, e registros contemporâneos
que dão protagonismo
feitas pelos próprios indígenas
uma distância contemplativa. A arte do liso a suprime.” (p. 10) nacional frente à
Não se fala aqui do liso presente no minimalismo, movimento que surgiu nos anos 1950 e destruição da cena
1960 como resultante da industrialização e contemporâneo ao abstracionismo, que valorizava o pelo governo federal CRÍTICA
interesse pela geometria, pelas formas lineares e pel a cor, querendo romper com a poluição 56 histórias brasileiras
visual. Falamos do liso no sentido de aceder ao fácil, “às listas”, ao querer “ver tudo rápido”, EXPOSIÇÕES Masp traz mostra que critica
“ouvir tudo rápido”, “clicar e ser clicado como essência de prazer”. O “in” e o “out” sugeridos por 40 lenora De barros falta de representatividade
bloggers de plantão. Na Pinacoteca, quatro na história da arte,
“A crise da beleza consiste hoje justamente em que o belo é reduzido à sua subsistência, ao décadas de um trabalho mas seus próprios
seu valor de uso ou de consumo. O consumo aniquila o outro [presente na obra], o belo da arte BIENAIS E FEIRAS singular da artista, que centros de poder
são brancos
INTERNACIONAIS
é uma resistência a ele.” (p. 98) abarca poesia, fotografia, e patriarcais
Ser capazes de aceitar a arte como produtora de sentidos, sejam eles agradáveis ou perturba- 10 16ª bienal De lyon performance, vídeo, em
dores, implica em aceitar nossa vulnerabilidade e que ela pode ser geradora de mais vida. Falamos Com curadoria de Sam diálogo com o corpo REPORTAGEM
muito sobre isto a partir da nossa visita à 16ª Bienal de Lyon, intitulada Manifesto da fragilidade. Bardaouil e Till Fellrath,
a mostra francesa
Como editores, críticos, pesquisadores e observadores, tentamos produzir um trabalho em trouxe à tona diversas 44 a parábola Do progresso 60 novos talentos
A produção de
que a informação está a serviço da reflexão. Da formação. Às vezes difícil de ser digerida. expressões da nossa A exposição do Sesc quatro artistas, de
Assim, estamos orgulhosos de termos tido um crescimento significativo não apenas no alcance vulnerabilidade Pompeia revê mitos diferentes regiões do
e na penetração do nosso trabalho, dos nossos seguidores e sim, na abrangência de leitura e e legado da país, vive momento especial
Independência
no tempo de leitura das nossas páginas. Hoje, com os elevadíssimos custos de impressão nos 22 paris+ e paris do Brasil e do na busca de espaço para
internationale
seria impossível atingir essa capilaridade apenas com a revista impressa. Primeira edição da Art Modernismo, a partir mostrar seus trabalhos
Em 2022 alcançamos mais de 554 mil visualizações de páginas, 225 mil usuários frequentando Basel francesa provocou da produção artística
nossa plataforma, chegando a 74 mil visualizações e leituras em um mês. Nas redes sociais, só abalos no mercado. contemporânea RESENHAS
no Instagram chegamos em 328.976 contas. De 2020 para cá, dobramos toda nossa audiência. Contamos os destaques 66 raphael galveZ
Nesta última edição do ano, fazemos algumas críticas a certas posturas institucionais bra- e o desempenho das Alguns motivos para ler
sileiras e trazemos um balanço do desmantelamento da cultura nestes últimos quatro anos e o galerias brasileiras a autobiografia do escultor
em ambas feiras
florescimento de iniciativas em regiões importantes do país. e pintor, que reapresenta
o ambiente artístico de São
Destacamos bienais, eventos do mercado internacional, exposições singulares como a A Paulo de início e meados
Parábola do Progresso, no Sesc Pompeia em SP; de artistas consagrados, como Lenora de ARTIGO do século passado
Barros: Minha língua, na Pinacoteca de São Paulo, e dedicamos nossa capa a uma guerreira, 30 Colapso na Cultura
Regina Parra, excelente artista brasileira que mostra nas suas obras a importância de correr Um raio x dos impactos 72 pasolini
atrás da vida e da fertilidade como sinônimo de atos de desejo. da estratégia de Duas recentes publicações
nacionais ajudam a iluminar
destruição e vilipêndio
Quero agradecer especialmente à nossa brava equipe, à Giulia Garcia, ao Miguel Groisman, do setor executada na a literatura e a poesia
ao Edu Simões, ao Coil Lopes, à Eliane Massae e ao Enelito Cruz, assim como aos colaboradores FOTOS: PATRICIA ROUSSEAUX gestão Bolsonaro, que de Pier Paolo, parte
especiais da revista impressa e digital, pela confiança nestes tempos tão duros. persiste mesmo com de sua vida pessoal
Boa leitura, um 2023 melhor para todos! aparelhamento e boicote e intelectualidade crítica