Page 86 - ARTE!Brasileiros #59

MODERNISMO EM SÃO PAULO ARTIGO

verdade que, mais adiante, do Brasil, pouco se dedicando Brecheret quanto àquela de
ele continua sua reflexão sobre às artes visuais. De qualquer Anita Malfatti.
o Movimento Antropofágico maneira, ele reconhece a Em Moquem ii – Hors d’oeuvre,
como “divisor das águas importância de artistas do atentando para a crescente
brotadas em 22”: Modernismo “histórico”, como Di decadência do Modernismo,
Cavalcanti e Victor Brecheret . Costa explicita seu ponto de vista
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[...] O divisor de águas de 28 Em determinado parágrafo, sobre a carreira de Brecheret:
provocara uma manifestação inclusive, Oswald demonstra
de conteúdo que separava os uma inequívoca satisfação em ... Por isso é que o Brecheret
modernistas em quatro grupo, reconhecer como o Modernismo de Eva, capaz de nos dar uma
obrigando-os a exibir, afinal, se institucionalizava junto às elites obra interessante – apenas
uma identificação política. paulista e carioca, recebendo interessante, na minha opinião,
Em 22, houvera uma unidade a adesão do próprio presidente porque eu não creio no sr.
proclamada pela liderança de da República: Brecheret – foi trocado pelo
São Paulo [...] mas, com as Brecheret insuportavelmente
transformações do mundo Hoje, quando a gente mais medíocre dos pastiches de
na década de 20, urgente fora civilizada do Brasil, Ciccillo Mestrovic, arte falsa, decadente,
que cada um vestisse a sua e Yolanda Matarazzo, em sem nenhuma expressão,
camisa ideológica. 11 São Paulo, Niomar e Paulo superficial, chata e burguesa 15
Bittencourt, no Rio, dirigem
Embora esse trecho possa fazer a avançada triunfal do Por esse comentário que
supor que Oswald entendeu que, modernismo, quando a visão desqualificava a trajetória do
em 1928, essa divisão de águas do sr. Getúlio Vargas oficializa escultor após seu primeiro estágio
poderia significar um rompimento a Semana, obrigando conhecidos europeu, percebe-se que o crítico
efetivo com o passado paquidermes a pronunciar possuía alguma intimidade com
modernista, pouco mais tarde publicamente confusas besteiras a produção do escultor, e que
ele se exprime, sem cerimônia, adesistas, bem como a Academia estava atento à adesão do então
sobre a “maturidade da Semana”, Brasileira a dobrar o joelho jovem artista às formulações de
demonstrando, então, que para reumático diante de nós, quando Ivan Mestrovic, escultor croata
ele não teria havido ruptura entre é levado ao governo de Minas com importante presença no
1922 e 1928 (para permanecermos Juscelino Kubitschek, o homem restante da Europa, engajado
nessas datas simbólicas): que muitos anos atrás chamou na constituição de um corpus
Oscar Niemeyer e Guignard para escultórico ao mesmo tempo
A maturidade da Semana darem continuidade estética à distanciado dos cânones da
já produziu três figuras de grande Minas dos Inconfidentes escultura verista – tão forte
excepcional segurança e relevo: e do Aleijadinho, difícil é ser na Itália do início do século
uma desconhecida, a do jovem passadista. 14 passado –, e comprometido
crítico paulista Mário da Silva com uma linguagem
Brito [...] As duas outras são as Interessante como, nessa visão moderadamente sintética,
do romancista Gustavo Corção triunfalista de Oswald sobre com uma adesão comedida
e do poeta Cassiano Ricardo. o fenômeno artístico e cultural à modernidade do período.
São três derivados da Semana do País, de 1917 a 1952, ele está
e neles se estabelece o triunfo mais próximo de Paulo Mendes ***
de nossas inquietações de Almeida, do que seu parceiro Na edição de 24 de abril da
e pesquisas de 22 . antropófago, Oswaldo Costa. Revista, continuando o artigo,
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Oswaldo Costa desbanca Mário
Outro dado a enfatizar é que *** de Andrade como intelectual FOTO: ARQUIVO MIS / REPRODUÇÃO
nesse balanço, Andrade Interessa saber e refletir sobre e crítico (a única produção
demonstrará mais preocupação como Oswaldo Costa se referia, de Andrade que Costa parecia
ainda com a literatura e a poesia tanto à produção de Victor respeitar era Macunaíma). Ele

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