Page 102 - ARTE!Brasileiros #57
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HOMENAGEM JAIDER ESBELL
Acima, Carta ao velho mundo, exposta na 34ª Bienal de São Paulo, em 2021. Na página
ao lado, Os Parixaras, exposta na 3ª Frestas - Trienal de Artes, no Sesc Sorocaba
que Jaider defende quando apresenta a escola como é arte indígena contemporânea?”. E a gente diz: “É
“aparelho colonial”: uma armadilha para levar bons curiosos para um
lugar de reflexões profundas”, que, mais uma vez,
Essa Bienal, esse palco, é um lugar importantíssimo, não cabe no movimento político, na igreja, nem
um dos últimos refúgios de uma ideia de pensa- no judiciário, nem lugar nenhum, porque esses
mento em construção, um lugar no qual precisamos lugares não foram feitos para isso mesmo.
estar. Muito mais do que a academia, do que a
política partidária, muito mais que organismos com Jaider também conta como sua luta diz respeito aos
as escolas ou as igrejas, esses aparelhos coloniais povos indígenas e não apenas a ele em particular, ao
e exóticos. (...) Chamamos o que estamos fazendo revelar que a mostra do mam-sp foi proposta para ser
de arte indígena contemporânea, que também uma individual e ele modificou o projeto:
sabemos que não é suficiente, que não abarca tudo,
mas que é necessária para atrair alguns curiosos, Então a Bienal me convida porque gostou do meu
atentos, que têm vontade de escutar de fato alguma trabalho, e queriam que eu fizesse uma exposição
história outra, que vêm perguntar pra nós: “O que individual lá no MAM. Falei que individual eu não
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