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EXPOSIÇÕES MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA


























                 FOTO CIETE SILVÉRIO
























               Não há na seleção feita pela dupla nenhuma preten-
            são universalizante ou enciclopédica. Afinal, como diz
            Moacir, “a curadoria é sempre um recorte do mundo”.
            As escolhas derivam das experiências - objetivas e
            subjetivas - da dupla no campo da arte e da cultura. O
            resultado é uma mostra em que a palavra parece rico-
            chetear, indicando diferentes caminhos de apreensão do
            mundo. Um dos aspectos mais evidentes é a presença
            clara de um discurso de reivindicação política. “São
            palavras que expressam desejos, identidades, queixas”,
            explica Fabiana, enfatizando que não há na exposição
            nenhum tipo de hierarquização entre uma linguagem
            voltada ao entretenimento, a sugestão política ou a elu-
            cubração poética. Muitas vezes o espectador é colocado
            diante de manifestos que expressam a urgência dos
            dias atuais. Há, por exemplo, um conjunto de cartas e
            desenhos enviados por crianças moradoras da Maré ao
            Tribunal, com reações à repressão policial. Ou placa em
            homenagem a vereadora Marielle Franco, cujo assassi-
            nato segue impune. “São como gritos”, explica Fabiana.  Slides usados pelo método Paulo Freire de
               Mesmo não linear e organizada de forma a promover   alfabetização de adultos, no começo dos anos 1960

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