Page 22 - ARTE!Brasileiros #51
P. 22
reportagem merCado
A RODA
QUE SEGUE
GIRANDO,
AGORA PELA
INTERNET
Feiras de arte tradicionais como Basel
e Frieze, além de inéditas como Not
Cancelled, movimentam as vendas
das galerias brasileiras por meios
virtuais e levantam discussões sobre o
esgotamento de um modelo baseado em
deslocamentos incessantes pelo globo
por marCos grinspum Ferraz
arCar Com altos preços para ter um estande; pagar
o transporte e o seguro das obras de arte; e desembolsar
uma boa quantia em passagens de avião, hospedagem
e alimentação da equipe. Isso tudo com o risco de não
realizar vendas e voltar para casa no vermelho - sem
contar o estresse físico e psicológico envolvido. “O
custo total para participar de uma feira de arte é uma
loucura. E é sempre muito cansativo”, afirma Luisa
Strina, uma das mais experientes galeristas em atividade
no mercado brasileiro. A opinião é compartilhada por
outros cinco galeristas ouvidos pela arte!Brasileiros,
que enxergam um esgotamento no modelo em que as
galerias gastam boa parte de seus recursos e tempo
participando incessantemente de feiras ao redor do
mundo. “É muito custoso em termos de dinheiro, mas
também em termos físicos e psicológicos. No ano pas-
sado eu sai do Brasil em média duas vezes por mês. Não
precisa ser assim”, diz Alexandre Gabriel, da Fortes
D’Aloia & Gabriel. Para Karla Osório, “havia mesmo
uma exaustão, mas infelizmente era visto como uma FOTO: DIVULGAÇÃO
necessidade, uma regra de mercado”.
E a roda, que não podia parar, de repente parou. Com
a pandemia de Covid-19 e a necessidade de isolamento
22