Page 75 - ARTE!Brasileiros #50
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É curioso como a crença no futuro persiste
apesar de vivermos em uma cidade repleta de
canteiros abandonados, de políticas públicas
descontinuadas e de promessas não cumpridas…
E quando São Paulo vai ficar pronta?
Acima, Panapana,
de Carla
Zaccagnin, 2016.
Ao lado, foto de
arquivo da Vila para pessoas em situação de rua, curadores do projeto não teriam
Itororó no início do
século passado. da marcenaria aberta e de outros espaço nos centros culturais? Defi-
dispositivos que vieram substituir nindo acordos básicos com o público
os cafés, lojas de design e outros em construção, surgiram o que cha-
serviços que hoje parecem mais mamos de “usos espontâneos”:
importantes que a própria utilidade esgrima, ensaio de circo, reuniões
pública dos espaços de cultura. de ex-moradores e outras práticas
realizadas pelos frequentadores, sem
parcerias foram realizadas para habitar a Cultura outras mediações curatoriais.
fortalecer o projeto para além das Paralelamente, houve uma abertura
gestões políticas. A arquitetura da noção de cultura – já que, legal- ensaianDo outras
mente, o espaço tem de ser usado polítiCas públiCas
temporária do coletivo franco-ale-
ARQUIVO MILU LEITE | CAMILA PICOLO para uma escuta ativa das deman- extrapola as práticas artísticas, por Aberto terminou em 2020 com a
mão Constructlab criou as bases
para fins culturais. Mas se a cultura O projeto Vila Itororó Canteiro
das do bairro. Essas não surgiram
que não usar o espaço de outras for- entrega, pelo Instituto Pedra, de
mas? Habitar não é cultura? Cultivar algumas casas reformadas para a
por meio de consultas públicas mas
não é cultura? Alimentar-se não é
SMC que já tinha assumido a ges-
sim dos usos da cozinha, da arqui-
cultura? Práticas não previstas pelas
tão das atividades do canteiro em
bancada móvel, dos espelhos, dos
limitações sociais e cognitivas dos 2018. Desde então, é importante
banheiros públicos, dos armários
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