Page 67 - ARTE!Brasileiros #50
P. 67
Nós duas temos essa formação artística Para o trabalho com o CCBB, o Ja.Ca apro-
e já tivemos nossos trabalhos autorais. fundou sua atuação na área pedagógica e, por
Nesse momento queremos estar mais mais que vinculado a uma grande instituição
’’
em projetos coletivos do que individuais, com regras e diretrizes próprias, não deixou
mas não deixamos de pensar isso tudo de carregar sua bagagem como um espaço
como nossos trabalhos de arte independente e experimental de arte – inclu-
sive levando artistas e curadores para os pro-
SAMANTHA MOREIRA cessos no CCBB. “Temos que entender como
atuar em cada lugar, mas sempre mantendo
uma coerência e uma autonomia de trabalho.
que era utilizada como estacionamento de caminhões. E acreditamos muito nesse lugar do encontro, da convi-
Após negociar com empresas, o Ja.Ca se utilizou de mate- vência, que rege todos os nosso projetos”, diz Moreira.
riais descartados no bairro para, ao lado das crianças, Ainda em 2018, outra novidade foi a escolha do Ja.Ca,
finalmente transformar o espaço em uma praça pública. a partir de um edital da prefeitura de Belo Horizonte,
para coordenar a 7 edição da Bolsa Pampulha, vincu-
a
granDes passos lado ao Museu de Arte da Pampulha. Com a seleção de
Ao longo dos anos, além dos projetos no bairro, o Ja.Ca dez artistas participantes, o Ja.Ca coordenou os seis
expandiu suas atividades para fora do Jardim Canadá, meses de atuação dos artistas ao lado dos curadoras
seja em Belo Horizonte ou em parcerias com instituições Julia Rebouças, Beatriz Lemos e Monica Hoff.
de outras cidades. Houve, por exemplo, a criação de Em todos esses projetos, seja em um trabalho com
um espaço para ateliês de artistas no centro da capital a comunidade, em uma residência no Jardim Canadá,
mineira, além da organização de debates, palestras ou no CCBB ou na Bolsa Pampulha, Moreira e Caporali res-
mostras de audiovisual em diferentes locais. Todo o saltam o desejo de acompanhar de perto e participar de
processo e o aprendizado de anos culminou, no final de modo criativo de todos os processo. “Pois entendemos
2017, na aprovação de um projeto do Ja.Ca para realizar o tudo isso também como nossos trabalhos artísticos. Nós
projeto educativo dos quatro espaços do CCBB, em Belo duas temos essa formação artística e já tivemos nossos
Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. “Passa- trabalhos autorais. Nesse momento queremos estar
mos de menos de 10 pessoas para cerca de 100”, conta mais em projetos coletivos do que individuais, mas não
Caporali, reafirmando mais uma vez a necessidade do deixamos de pensar isso tudo como nossos trabalhos
Ja.Ca de se adaptar a novas circunstancias. de arte. São nossas experimentações, necessidades,
desejos”, diz Moreira.
Caporali afirma, também, que apesar deste foco
atual em trabalhos de administração e gestão, o Ja.Ca
nunca teve um funcionamento tão forte no sentido de
ser uma espécie de coletivo artístico. Ela e Moreira
ressaltam, neste ponto, a necessidade de citar nes-
ta matéria o nome dos outros integrantes do grupo,
para além delas duas e de Mateus: Marcio Gabrich,
Artur Souza, Sarah Matos, Daniel Toledo, além dos
diversos parceiros que se juntaram ao longo dos anos.
“Por vivermos nesses tempos de gangorra política e
À esq.,
peças de econômica, entendemos que é esse lugar afetivo que
marcenaria nos segura nesses momentos de esvaziamento de
produzidas grana, por exemplo”, diz Caporali. “E se existe hoje um
para o momento sombrio, é hora de reforçar os encontros,
projeto
DESEJA.CA, pensar nos projetos possíveis. Fica claro que nesse
em 2011. À contexto passa a ser ainda mais importante resistir.”
dir., visita de E é neste sentido que o Ja.Ca inaugura o Arrudas,
crianças com
o Educativo seu novo espaço para ateliês, debates, exposições e
do CCBB encontros no centro de Belo Horizonte.
67
08/04/2020 23:04
BOOK_ARTE_50.indb 67
BOOK_ARTE_50.indb 67 08/04/2020 23:04