Page 11 - ARTE!Brasileiros #50
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Os curadores da 34ª Bienal sob o título Faz escuro mas eu canto, a 34ª Bienal
explicam o projeto do de São Paulo teve seu pontapé inicial em 8 de fevereiro,
evento, que se desdobra com a abertura da exposição de Ximena Garrido-Lecca
no tempo e no espaço e a performance realizada por Neo Muyanga e assistida
por um público de quase 1,8 mil pessoas. Essa antecipa-
por maria hirszman ção da agenda não apenas coloca em prática o desejo
– muitas vezes enunciado nas edições passadas, mas
raras vezes conquistado – de alargar o alcance tempo-
ral de um dos principais eventos culturais da cidade,
como serve para dar a tônica do que se pode esperar
da grande exposição coletiva deste ano.
Usando como fio condutor a ideia de ensaio, de algo
que vai se construindo ao longo do tempo a partir de um
intenso diálogo entre os membros da equipe curatorial, a
atual edição da Bienal tem por meta a descentralização,
o espraiamento de suas ações pela cidade – por meio
de uma parceria ampla com 25 diferentes instituições
culturais –, abrindo múltiplas possibilidades de leituras
das obras e artistas selecionados. Outros aspectos
importantes da presente edição são uma maior aber-
tura para a inserção de trabalhos de caráter histórico,
um equilíbrio claro entre os gêneros e um interesse em
promover encontros, diálogos entre diferentes poéticas
e obras. Em entrevista recente Jacopo Crivelli Visconti,
curador da mostra, e Paulo Miyada, curador-adjunto,
explicaram os principais contornos de seu projeto.
Também fazem parte da equipe a artista brasileira Carla
Zaccagnini e os curadores Francesco Stocchi (Holanda)
e Ruth Estévez (México).
– Vamos começar pela questão do “Faz
Escuro mas eu canto”. Como foi chegar nesse tema?
Jacopo Crivelli Visconti – Não há um tema e sim
uma metodologia que tem muito a ver com essa ideia
de expandir a bienal no tempo e no espaço, com o
exercício de propor que a pessoa possa ver as obras
mais vezes. Nas três exposições que acontecem
ao longo do ano, dedicadas ao trabalho da Ximena
Garrido-Lecca, da Clara Ianni e da Deana Lawson
você vê com clareza os interesses, as preocupações
Performance dessas artistas. Depois de relativamente pouco
do artista tempo você reencontrará de novo aquelas obras
sul-africano justapostas a trabalhos de outros artistas.
Neo Muyanga,
apresentada
no Pavilhão Além disso, a mostra se espalha pela cidade com
da Bienal em 25 parcerias com diferentes instituições. Vocês
parceria com farão essas curadorias?
o coletivo Paulo Miyada – Cada instituição acaba sendo parte
Legítima
Defesa. de uma espécie de comitê curatorial expandido.
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