Page 60 - ARTE!Brasileiros #48
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO









































           PUBLICAÇÃO DE 1975 FALA SOBRE A LUTA DA ESPOSA DE VLADO,
           CLARICE HERZOG, PARA OBTER RESPOSTAS SOBRE O MARIDO






             da equipe do Itaú Cultural e do Instituto Vladimir   enorme solidariedade e comoção causadas pelo
             Herzog – parceiros na produção da mostra –,   seu assassinato pelo regime militar.
             milhares de dados e documentos foram coletados.   “Foi um verdadeiro garimpo. Isso que vemos aqui
             Espalhados pelo espaço expositivo o visitante se   é apenas a superfície”, conta Luis Ludmer, do Ins-
             depara com uma série de ricos elementos como   tituto Herzog e co-curador da mostra juntamente
             fac-símiles de seus artigos para vários veículos,   com Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de
             cartazes e livros póstumos em homenagem a   Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural. A ideia
             ele, documentos importantes relativos ao Caso   é que todo esse material sirva, no futuro,  de base
             Herzog como a decisão do juiz Márcio José de   para a construção de um site, tornando perma-
             Moraes que, em 1978, reverteu a versão oficial de   nente o acesso a todo esse volume de material, que
             suicídio, em meio a objetos de cunho simbólico   tende a tornar-se ainda mais amplo com divulga-
             como sua máquina de escrever e sua câmera   ções como esta mostra cuja função não é apenas
             fotográfica. São especialmente tocantes itens   a rememorar o passado e resgatar a figura do
             como o registro de entrada da família Herzog,   intelectual engajado, fazendo com que ele nunca
             em 1946, no Brasil e uma carta que seu pai lhe   seja esquecido, mas também construir um modelo
             escreveu narrando a vida da família durante a   de resistência importante em momentos de recuo
             Segunda Guerra Mundial, quando se refugia-  dos direitos humanos como o que vivenciamos
             ram na Itália fugindo da Iugoslávia e do antis-  hoje. “Não queríamos nada fúnebre”, afirmam
             semitismo. Ou ainda a fotografia da redação do   os curadores. Daí a opção por uma museografia   FOTOARQUIVO ESTADÃO CONTEUDO
             Estado de S. Paulo, completamente vazia, no   aberta, com os vários núcleos em diálogo, marcada
             dia de seu enterro.  Um testemunho visual da   por uma certa leveza e rusticidade.


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