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PERFIL MAX PERLINGEIRO
texto sério, profundo e de conteúdo”. Adotando o
mesmo procedimento para sua atuação como editor
de livros de arte, ele é enfático: “Não faço álbum
de figurinhas, livros têm que ter conteúdo”. Em sua
atuação no mercado livreiro tenta a mudança desse
cenário com um conjunto de estratos de informação.
“A consulta em nosso banco de dados conta com
1516 itens e a pesquisa é intensa”. Em Fortaleza, a
Multiarte mantém 120 alunos divididos em 10, 12 por
turma. “Com esse trabalho criamos conteúdos para
publicação e formamos pessoas. Hoje a instituição
recebe cerca de 200 visitantes por semana”.
A historiografia da arte brasileira se compõe, em
grande parte, de textos curtos publicados em jor-
nais e revistas, além de catálogos, que nem sempre
apresentam ensaios de fôlego. O buraco ainda per-
siste. Perlingeiro se especializou em edição de livros
exclusivamente voltados para a história da arte bra-
sileira, dos séculos 19 e 20, com extensa investigação.
Entre as publicações vale destacar: Antônio Bandeira
1922-1967; Coleção Airton Queiroz Fortaleza/Ceará;
Frans Post; Coleção Edson Queiroz - catálogo, entre
outras. O reconhecimento editorial veio com o Prêmio
Jabuti, atribuído pela Câmara do Livro em três anos
diferentes, além de outras láureas na área de artes.
Hoje o sistema de arte participa diretamente das leis
do sistema midiático e econômico. Para dar conta de
sua agenda, Perlingeiro criou uma plataforma que
divide com seus filhos Amanda, Max e Victor. “Um
terço do meu tempo é empregado na administração de
18 coleções particulares e institucionais importantes,
locadas em Fortaleza, Alagoas, Rio de Janeiro e São
Paulo. Meus filhos se ocupam das exposições, dos
livros e de outras questões mais particulares”.
BRUNO GIORGI, RETRATO DE LEONTINA GIORGI, DÉCADA DE 1970
Com trabalho prospectivo em setembro próximo Per-
lingeiro, galerista de longa data, vai revelar em exposi-
outra no cotidiano do empresário, demarcado pela ção o que motivou Antonio Dias a seguir e colecionar
coexistência entre todas as atividades com as quais está a produção de Leonilson, cuja representação preferida
envolvido. Pesquisar é, para ele, peça fundamental, o é o universo dele mesmo. Perlingeiro é o co-curador
que o torna crítico da superficialidade de alguns traba- da mostras: “O principal é Antonio Dias”, diz ele com
lhos curatoriais. Aprofundar o conhecimento é tornar o o humor de quem lida com artistas desde a década de
campo da arte em um espaço complexo e dinâmico, mas 60. Esta mostra é o desdobramento do projeto iniciado
nem sempre é assim. “Quando surge uma exposição com Bruno Giorgi e Alfredo Volpi agora em cartaz na
há curadores que aplicam o processo do copy/paste, Pinakotheke do Rio, que envolve amigos artistas e suas FOTO JAIME ACIOLI
em trabalhos já editados. Não se preocupam com um afinidades vivenciais e artísticas. Vamos aguardar.
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