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homenagem na Bienal de São Paulo de 1981, onde
teve um espaço apenas para expor peças produzidas
nesse fluxo, convidando artistas de todo o mundo. A
curadoria geral daquela edição foi do crítico Walter
Zanini, que há alguns anos já se dedicava a destacar
a arte correio em suas falas e em seus escritos. Em
texto de 1977 para o jornal O Estado de São Paulo,
ele comentou não se podia “negar que essa atividade
desencadeia situações comunicacionais e estruturais
novas para a linguagem artística”.
Envolvido com pesquisas sobre grupos marginais,
como o Poema-Processo e o Nervo Óptico, que tive-
ram exposição na Galeria Superfície nos últimos anos,
o diretor da galeria, Gustavo Nóbrega, dedicou-se
também a pesquisar a arte correio, criando um inte-
resse por incentivar sua circulação no mercado: “A
ideia é criar um olhar de colecionismo para isso,
NA PÁGINA AO LADO: CARTÃO POSTAL COM INTERVENÇÃO DE
ARISTIDES KLAFKE (ACIMA); ABAIXO, PAULO BRUSCKY, DISQUETE, além de divulgar e mostrar essa produção que foi
1995. NESTA PÁGINA, DE CIMA PARA BAIXO, ENVELOPE ENDEREÇADO importantíssima”.
À MOSTRA INTERNACIONAL DE POESIA VISUAL, POR EDGAR Durante as últimas férias de final de ano, Nóbrega
ANTONIO VIGO, E INTERVENÇÃO SEM TÍTULO DE PAT LARTER, 1980 fez uma viagem para o Nordeste para visitar ateliês
de artistas que participaram daquelas atividades,
ele aponta a região como berço da vanguarda do
movimento. Em São Paulo, encontrou muito pouco
material, “um, dois ou três envelopinhos”, lá ele
encontrou obras aos montes, “arquivos gigantes-
cos”. A arte correio, que teve ainda maior adesão
de artistas no Brasil por volta dos anos 70, não foi
assimilada como algo comercial: “Era uma coisa até
anti-mercado”, ele conta. As obras eram trocadas
entre os próprios artistas, instituições e galerias não
integraram isso substancialmente a seus acervos. Até
porque, segundo Gustavo, os próprios artistas não
tinham a intenção de vender esses trabalhos.
A Superfície representa Falves Silva, um dos nomes
que mais produziu na arte correio. Foi no ateliê de
Falves que Gustavo encontrou grande parte de obras
que trouxe consigo para São Paulo. A priori, tinha
intenção de fazer uma exposição apenas com tra-
balhos do movimento, mas achou que seria muita
informação. Algumas das obras que passaram pela
pesquisa de Nóbrega estarão na próxima exposição
da galeria, um panorama da da arte conceitual dos
anos 70, que terá abertura junto a SP-Arte. A mostra
terá arte postal de Avelino de Araújo, Paulo Bruscky,
Edgar Antonio Vigo, Falves Silva e da australiana Pat
Larter, dentre outros. Materiais do coletivo Karimbada
além de obras da exposição Olho Mágico (1978) tam-
bém estarão inclusos.
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