Page 78 - ARTE!Brasileiros #45
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ARTISTA RAFAEL PAGATINI








             carona tinham orgulho em suas falas da estrada   deixa angustiado, de partilhar um sentimento,
             me fizeram ter interesse na história da rodovia.   abrir arquivos, buscar o não dito.

             A!B – Me conta da metodologia de pesquisa e como você   Pagattini, participou desde 2011 de inúmeras exposições
             resolve transformar essa pesquisa nesse produto final  dentre elas:

             Entendo que o trabalho está finalizado quando   Em 2018 Estado (s) de Emergência com curadoria de Priscila
             consigo suscitar as questões que me levaram   Arantes e Diego Matos. Na Oficina Cultural Oswald de
             até a pesquisa, mas, ao mesmo tempo, posso   Andrade em São Paulo. O poder da multiplicação, com
                                                         curadoria Gregor Janser no Museu de Arte do Rio Grande do
             ainda imaginar aberturas e transbordamentos   Sul, Porto Alegre – RS.
             possíveis em suas leituras.
             Nesse sentido minha metodologia parte       RSXXI – o Rio Grande do Sul Experimental com curadoria do
                                                         Paulo Herkenhoff no Santander Cultural, Porto Alegre.
             muito do interesse em me envolver com o
             assunto de forma a me tornar por momentos   Abre Alas 14, na Gentil Carioca com curadoria de Clarissa
                                                         Diniz, Cabelo, Ulisses Carrilho no Rio de Janeiro.
             um historiador, engenheiro, antropólogo,
             arquivista, sem deixar de ser artista. Ou seja,   Em 2017 no 20 Festival Vídeo Brasil, com curadoria de
             a partir da arte abrir um campo de leitura   Solange Farkas, Diego Matos, João Laia, Beatriz Lemos e Ana
                                                         Pato no Sesc Pompéia em São Paulo.
             e experimentação para a sociedade. Deste
             jeito leio muito sobre o que estou abordando,   Em 2012 ganhou seu primeiro Prêmio EDP nas Artes no
                                                         Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo – SP.
             as perspectivas interpretativas sobre o
             assunto. No caso do regime militar recorro
             muito a historiadores para buscar sustentar
             minhas hipóteses, sempre percebendo como
             essas questões ganham um novo contorno
             a partir do contexto e dos acontecimentos
             contemporâneos.                                         RAFAEL PAGATINI, BEM-
                                                                     VINDO, PRESIDENTE!,
             Muitas vezes, os materiais e suportes indicam           2015-2016
             novos caminhos e perspectivas para o
             trabalho, por isso que o desenvolvimento
             das obras sempre passam por um período de
             maturação. Os processos gráficos que utilizo
             funcionam muito a partir de um conjunto
             de procedimentos, um processo no qual a
             criação de um projeto é muito importante
             para respeitar algumas etapas. Por exemplo,
             a escolha da imagem é fundamental para
             que seus códigos possam reverberar para
             fazer pensar, sentir o trabalho não apenas
             intelectualmente mas corporalmente. Da
             mesma forma o próprio espaço expositivo
             no qual o trabalho é apresentado promove
             novas possibilidades discursivas, ou ainda
             contradições que muitas vezes não tem que
             ser superadas, mas reveladas. Portanto, minha
             metodologia acontece a partir da curiosidade
             de pesquisar histórias, de pensar o que me


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