Page 76 - ARTE!Brasileiros #45
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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO
UM MILTON
DACOSTA
CAMALEÔNICO
O ARTISTA PAULO PASTA E O FILHO DE
MILTON, ALEXANDRE DACOSTA, FALAM À
ARTE!BRASILEIROS SOBRE SUAS IMPRESSÕES
EM TORNO DO ARTISTA HOMENAGEADO
EM RETROSPECTIVA NA ALMEIDA E DALE
POR JAMYLE RKAIN
MAIS DE UMA DÉCADA após sua última individual
em São Paulo, Milton Dacosta é homenageado com
retrospectiva na Galeria Almeida e Dale. A exposição
entra, ainda, no conjunto de tributos pelo centenário
de nascimento do artista, ocorrido em 2015. Falecido
em 1988, Dacosta não era adepto dos rótulos, tendo
um percurso livre em sua passagem da figuração para
a abstração, enquanto os colegas artistas disputavam
a importância dos estilos.
Talvez essa disposição em se movimentar tenha sido o
que fez de Milton um dos maiores pintores brasileiros do
século XX. Para Paulo Pasta, artista muito apreciador
da obra de Dacosta, isso tem nome: “Não tem precipi-
tação na pintura dele, tem deslocamento. Eu acho que
melhor do que abstração seria chamar o que ele faz de
síntese”. Paulo não chegou a conhecer Milton, mas teve
muito contato com sua obra e com amigos do pintor
fluminense: “Acho que esse caminho que ele faz para a
abstração ele vai palmilhando isso passo a passo. Você
percebe esse caminho dele. E como ele vai depurando
as figuras. Eu acho isso muito bonito e uma resposta
ética do Milton”, comenta.
A exposição na Almeida e Dale segue uma ordem crono-
lógica, começando pelas pinturas dos anos 30, incluindo
Autorretrato, de 1938. É nos anos 40 que se percebe a
influência da metafísica italiana em Milton.
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