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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO






             UM JOVEM QUE FUGIU


             À DITADURA DO TEMPO





             INICIANTE, DEDICADO E FOCADO, O ARTISTA JÁ MOSTRA  SUA FORÇA


             POR PATRICIA ROUSSEAUX


             SANTIDIO PEREIRA tem 23 anos, nasceu em Cur-
             ral Cumprido, bairro rural de um pequeno município
             piauiense de Isaías Coelho, onde passou toda sua
             primeira infância.
             A vinda para São Paulo, não obstante, não interrompeu
             sua relação com o tempo.
             Sua segunda exposição na Galeria Estação, em São
             Paulo, Um olhar da memória, apresenta xilogravuras,
             técnica antiga que requer um tipo de relação diferente
             e mais demorada com a matéria, que sangra a madeira,
             e que coincide com a maneira com que Santidio enxerga
             seu passado. Camadas de memória aparecem na sua
             obra. Caburés, garrinchas, lambus, juritis, pássaros e
             plantas da caatinga, se misturam em tons que tornam
             seu trabalho menos figurativo.
             Luisa Duarte, curadora da exposição, lembra em seu
             texto para o catálogo, que para o artista há uma clara
             diferença entre ver e enxergar: “O ver estaria rela-
             cionado a um olhar apressado, próprio de um ritmo
             contemporâneo marcado por uma atenção distraída,
             enquanto que o enxergar seria aquilo que suas gravuras
             demandam, ou seja, uma mirada capaz de se demorar
             em um mesmo objeto, pacientemente.”
             Santidio não se contaminou com a aceleração do tempo
             do capital e da capital. E parece ter se mantido fiel as
             suas raízes, tanto do ponto de vista da sua percepção
             como das suas marcas mnêmicas, como da sua memó-
             ria inconsciente.
             Freud comentava, em cartas a Wilhelm Fliess, bem no
             comecinho de sua obra, que estes três fatores juntos
             não seriam nem mais nem menos que o necessário
             para criar: criar a vida como uma obra psíquica.

             Um olhar da memória Até 22 de Setembro
             Galeria Estação Rua Ferreira Araújo, 625 - Pinheiros – 11 3813-7253



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