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EXPOSIÇÃO SÃO PAULO









































            ANNA MARIA MAIOLINO, O QUE SOBRA, 1974, DA SÉRIE FOTOPOEMAÇÃO, 1973-2017.



             Andrea Giunta frisa a idéia de que estas artistas   tona e se torna território de interrogações sutis na
             rompem com o lugar do olhar o corpo e o lugar   fricção entre desenho e fotografia, um território
             da mulher, que até o modernismo que estava de   visitado desde sempre por uma das artistas chave
             fora, agora muda para dentro. Da mulher para ela   da contemporaneidade, a argentina Liliana Porter.
             mesma e seus pares.                         Quem se deu ao trabalho de folhear catálogos
             Por meio do autorretrato, artistas como Anna Bella   de bienais e exposições das duas décadas foca-
             Geiger interrogam identidades em trânsito, como   das pelas curadoras descobriu o apagamento da
             na série em que o cotidiano indígena aparece lado   artista mulher. No entanto, a mostra descobriu e
             a lado a retratos de sua vida diária. O videoper-  garimpou uma variedade delas, pouco conheci-
             formance de Lenora de Barros, 1984, é um divisor   das, trabalhando temas e estilos diferenciados,
             de águas literal da mostra: suspenso entre duas   dentro de uma diversidade e resistência. Há ainda
             salas gera organicidade ao espaço. Com Lenora   casos de apagamento por parte do sistema de
             um texto escrito pode se transformar em vídeo,   arte como ocorreu com Carolee Schneemann que
             assim como uma performance desdobrar-se em   começou seu trabalho na década de 60 e só foi
             videoperformance. Contrapondo-se ao discurso   reconhecida internacionalmente anos depois. Foi
             geral, Roser Bru, filha de militante catalão, reve-  premiada em 2017 com o Leão de Ouro na Bienal
             rencia a única escritora latino-americana a receber   de Veneza. Andrea Giunta conta que nos sete anos
             o Prêmio Nobel, a poeta chilena Gabriela Mistral. O   em que levou para realizar a exposição alguns
             que se produz entre o olhar e o espaço não passa   dados foram alterados na pesquisa. “Houve uma
             despercebido entre as artistas mulheres e a vio-  mudança na forma de abordar o feminismo. A
             lência é tema constante. Anna Maria Maiolino se   figura do feminicídio e a violência com o corpo e
             autorretrata com tesouras e lâminas postas entre   a psique das mulheres foram se generalizando de
             sua língua, numa cena de tensão. O rosto vem à   forma impressionantes”. A “microfísica do poder”,


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